20 mai, 2018 - 17:37
D. António Marto confessa ter sido apanhado de surpresa e comoveu-se com a decisão do Papa Francisco de o nomear cardeal.
"Nunca me passou pela cabeça que iria ser nomeado cardeal. Fui apanhado completamente de surpresa. A minha recente nomeação para cardeal apanhou-me de surpresa um pouco antes de celebrar a eucaristia das 11h30 na Sé de Leiria", disse aos jornalistas, D. António Marto, numa conferência de imprensa após ter sabido que foi este domingo nomeado para o Conselho dos Cardeais.
A notícia foi recebida via 'voice mail', com uma mensagem deixada do "núncio apostólico, que tinha acabado de ouvir a nomeação dos cardeais através da televisão".
D. António Marto revelou ainda que a emoção com que foi surpreendido obrigou-o a conter as lágrimas que lhe vieram aos olhos. "Tive de me dominar para não dar a entender nada àqueles que me rodeavam. É um serviço que a Igreja me pede e nunca o neguei, encontrei a tranquilidade de espírito nesta atitude da minha disponibilidade de colaborar com o Santo Padre nesta nova responsabilidade e neste novo serviço que ele me pede", afirmou.
Na primeira reação à notícia conhecido este domingo, o bispo de Leiria-Fátima diz que ainda não falou pessoalmente com o Papa. Vai escrever-lhe uma carta a manifestar gratidão e disponibilidade para o que o Francisco lhe pedir.
"Naturalmente que lhe escreverei uma carta a agradecer este ato de confiança pessoal e a pôr-me na disponibilidade para os serviços que ele pedir", informou.
D. António Marto espera continuar a servir a Igreja em Fátima e considera que as celebrações do Centenário das Aparições e a dimensão da Igreja que aqui se vive terão influenciado a escolha de Papa.
"Nunca me subiu o poder à cabeça"
O futuro cardeal reafirma a sua união com Francisco e com a sua linha de reformas e prioridades, desejando uma Igreja mais simples, acolhedora e purificada, sem perder a capacidade de construir pontes.
O novo cardeal português não encara a nomeação como poder, mas como serviço, e segue um conselho do seu pai.
“Eu não olho para esta nomeação em termos do mundo, de subir na hierarquia, de honorificência ou de meritocracia. Para mim, é um serviço uma responsabilidade mais a prestar à Igreja.”
“O meu pai não gostava muito que eu fosse padre, mas depois aceitou. Era um homem de fé católica, muito praticante. Um dia chamou-me à parte, depois da ordenação e disse: ‘lembra-te sempre que vens de uma família humilde, que não te suba o poder à cabeça’. E eu sigo este legado que o meu pai me deixou. Nunca me subiu o poder à cabeça nem aspiro a lugares de poder”, sublinha.
D. António Marto integra o grupo de 14 novos cardeais, anunciou este domingo o Papa Francisco.
O bispo de Leiria-Fátima será feito cardeal numa cerimónia marcada para 29 de junho, no Vaticano.