05 set, 2018 - 22:03 • Aura Miguel
Veja também:
A experiência de ser padre nos mais variados contextos, como hospitais, universidade, prisões ou paróquias, com as suas dificuldades e desafios, ocupou grande parte dos encontros do terceiro dia do Simpósio do Clero.
Com centenas de sacerdotes reunidos em Fátima, a partilha e o testemunho foi uma constante. Apesar do actual contexto ser por vezes negativo em relação ao clero, não faltou o sentido de humor nem a proclamação de razões de esperança.
Ser pároco na cidade, na periferia ou no mundo rural tem os seus desafios. No centro de Lisboa, o padre Mário Rui Pedras sabe que, apesar da desconfiança de muitos, este é um tempo fantástico para ser padre.
“É o risco de ser olhado assim, ser olhado por quem, porventura, nos vê de cabeção, de batina ou nos reconhece e diz: ‘como é possível, hoje, ser-se assim na cidade’. Porém, este é o tempo em que somos desafiados à santidade. Não tenho nenhuma hesitação. É um tempo fantástico para ser padre e para chamar outros a sê-lo.”
Numa altura em que os escândalos dos abusos sexuais na Igreja Católica “magoam os corações e nos envergonham profundamente”, o sacerdote diz que, ao mesmo tempo, “percebemos que o mais importante na vida da Igreja é Cristo e o seu amor tem que ser levado ao coração deste mundo”.
Numa assembleia cheia de padres, não faltou o sentido de humor. Diretamente do mundo rural da diocese de Lamego, o padre Diamantino Duarte, gosta de fazer rir para falar de assuntos profundos.
Falta sentido de humor na Igreja? O padre Diamantino Duarte admite que, “se calhar, falta um bocadinho”.
“A Igreja não tem de ser feita de rizadas, mas acho que falta alguma leveza no discurso, que torne a mensagem mais atrativa sem a tornar menos profunda”, sublinha.
Também o padre Almiro Mendes, mergulhado na realidade suburbana do Porto, contou uma anedota para focar o essencial na vida dos párocos e da Igreja: “um senhor que entrou no seu carro e começou a gritar: ‘levaram-me o volante, a manete das mudanças e os pedais. Um polícia que passava disse ao condutor: ‘senhor, passe para o banco da frente’.
O padre Almiro Mendes considera fundamental que os sacerdotes passem também para o banco da frente, “para o coração de Deus, para podermos estar no sítio certo para servir melhor as pessoas”.
O Simpósio do Clero termina esta quinta-feira, com uma conferência de fundo sobre “O celibato presbiteral: sua nobreza, dificuldades e etapas”.