12 set, 2018 - 16:44
Um relatório divulgado esta quarta-feira pela imprensa alemã revela que houve, pelo menos, 3.677 casos de abusos sexuais de menores praticados por padres naquele país, ao longo das últimas sete décadas.
O relatório foi encomendado pela própria Igreja e deveria ser divulgado publicamente no dia 25 de setembro. Contudo, dois órgãos de imprensa alemães obtiveram o documento e divulgaram, esta quarta-feira, alguns dos seus dados.
O relatório é muito crítico da hierarquia e admite que os casos apontados podem até ser em menor número do que os reais. O documento acusa, também, algumas dioceses de terem manipulado ou destruído ficheiros relativos a casos de abusos.
Segundo os dados revelados pelo “Spiegel Online” e pelo “Die Zeit”, mais de metade das vítimas tinha 13 anos ou menos. Os rapazes são maioria entre as vítimas. Em quase mil dos casos, as vítimas eram acólitos e um em cada seis casos envolveu mesmo violação.
Os autores do estudo afirmam ainda que apenas um terço dos padres acusados chegou a ser processado canonicamente pela Igreja e que muitos foram apenas mudados de uma paróquia para outra, sem que a nova comunidade fosse informada sobre o assunto.
Os abusos estudados remontam a 1946 e terminam em 2014. O que não é claro nos dados revelados até agora é o espaçamento temporal dos mesmos, nomeadamente quantos ocorreram desde a adoção, por parte da Igreja alemã, de diretrizes para lidar com eventuais casos de abuso.
Numa situação semelhante, um relatório independente na Pensilvânia, Estados Unidos, deu conta de milhares de casos e de mais de 300 padres abusadores, mas a análise aos dados permitiu perceber que desde 2002, altura em que a Igreja adotou diretrizes mais rigorosas, houve apenas duas denúncias e ambas foram imediatamente comunicadas às autoridades competentes. Neste caso, pelo menos com os dados revelados na imprensa, essa análise não é possível de fazer.
A Igreja está a ser novamente abalada por uma crise de abusos sexuais e respetivo encobrimento por parte do clero. Esta quarta-feira, o Papa anunciou uma cimeira, para fevereiro, sobre este assunto, para a qual convocou todos os presidentes das conferências episcopais.