22 set, 2018 - 12:45 • Aura Miguel , na Lituânia, com Redação
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O Papa Francisco está na Lituânia, onde inicia uma visita de quatro dias pelos países bálticos. As primeiras palavras de Francisco, no palácio presidencial, em Vilnius, foram de elogiou ao povo lituano e ao modo como soube sempre acolher e aceitar gente de outras etnias e religiões, no que considera um bom exemplo a dar, ainda mais no atual contexto mundial de intolerância.
"Perante o cenário mundial em que vivemos, onde crescem as vozes que semeiam divisão e contraposição – instrumentalizando muitas vezes a insegurança e os conflitos – ou que proclamam que a única maneira possível de garantir a segurança e a subsistência duma cultura consiste em procurar eliminar, apagar ou expulsar as outras, vós, lituanos, tendes uma palavra original a oferecer: hospedar as diferenças", disse o Papa.
Francisco aludiu à ocupação dos países bálticos pela União Soviética durante 50 anos, lembrando que Lituânia já sofreu muito com ameaças à liberdade e, por isso, tem um grande experiência para partilhar com toda a União Europeia. "Por meio do diálogo, abertura e compreensão, as culturas podem transformar-se em pontes de união entre o Oriente e o Ocidente Europeu. Tal pode ser o fruto duma história madura, que vós, como povo, ofereceis à comunidade internacional e, de modo particular, à União Europeia".
O Papa elogiou ainda a "alma forte" do povo lituano "que lhe permitiu resistir e construir".
Francisco tinha sido recebido no aeroporto internacional e Vilnius pela presidente da República, Dalia Grybauskaite, autoridades civis e religiosas; após a cerimónia de boas-vindas, seguiu num carro utilitário para o palácio presidencial, onde se encontrou em privado com a chefe de Estado e assinou o livro de honra.
A presidente lituana dirigiu ao Papa "uma saudação sincera em nome da nação que sobreviveu graças ao sacrifício e à esperança".
Dalia Grybauskaite recordou que “nos anos das provações mais difíceis - no exílio, nos campos de concentração, em prisões, nos bunkers partidários — as pessoas deste país salvaram-se graças à profundidade da própria fé . Durante dezassete anos, os fiéis publicaram e difundiram na clandestinidade a “Crónica da Igreja Católica”. Nenhuma repressão do KGB conseguiu reprimi-la. Tudo isso nos sustentou espiritualmente".
A jornalista da Renascença Aura Miguel acompanha o Papa Francisco na sua Viagem Apostólica à Lituânia, Letónia e Estónia com o apoio da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.