22 set, 2018 - 16:30
O Vaticano e a China assinaram um documento inédito sobre a nomeação de bispos. O acordo provisório abre caminho à unificação das comunidades católicas no país.
O padre Peter Stilwell, reitor da Universidade de São José, em Macau, a única universidade católica no território da República Popular da China, dá conta da importância deste acordo provisório.
“O desafio que o acordo coloca é mais do que a questão da escolha dos bispos, será o entendimento entre as duas comunidades. Depois de 30 ou 40 anos a viverem separadas, com condições de funcionamento muito diferenciadas, como é que se vão encontrar, como comunidades irmãs ou integrar-se uma na outra”, refere.
Em declarações à Renascença, o padre Peter Stilwell explica que “os nomes de potenciais bispos são apresentados ou pela Santa Sé às autoridades chinesas ou pelas autoridades chinesas à Santa Sé - não sei qual a versão que acabou por ser acordada – e haverá sempre a última palavra do Papa sobre o bispo que é escolhido”.
“Na China dos mais de 100 bispos só sete ou oito é que não têm reconhecimento da Santa Sé”.
O acordo levanta dúvidas ao cardeal Joseph Zen, que foi arcebispo de Hong Kong, que lidera a oposição ao entendimento, justificando que é uma traição aos católicos que resistiram ao governo chinês. Uma posição que, segundo o padre Peter Stillwell, é isolada.
“Tanto podem sentir como traição, como diz o cardeal Zen, mas o cardeal Zen é uma voz isolada, radical, que claramente não tem o apoio da Santa Sé. O que se pode dizer é que esta resistência é um dos fatores que permitiu que, negociando com as autoridades chinesas tenham chegado a um entendimento em que o Governo chinês reconhece que a Igreja Católica tem uma cabeça, ao contrário do que acontece com a maior parte das outras religiões, que tem um chefe que é o Papa. Não podem ter na China uma igreja que se chame Igreja Católica que esteja amputada de uma das características de uma igreja católica”.
Até agora, Pequim não reconhecia os bispos nomeados pelo Papa, nem Roma os que eram nomeados pela China, na chamada Igreja Católica Patriótica.