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Sínodo 2018. É necessário maior “protagonismo” dos jovens nos processos de decisão da Igreja

26 out, 2018 - 17:54 • Octávio Carmo/Agência Ecclesia

O exemplo da realidade da América Latina foi apresentado nos trabalhos como um bom exemplo de participação dos mais novos, que devem ser mais ouvidos.

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O Sínodo dos Bispos dedicado às novas gerações, que decorre há mais de 20 dias no Vaticano, sublinhou a necessidade de um maior “protagonismo” dos jovens nos processos de decisão da Igreja Católica.

O arcebispo de Coro (Venezuela), D. Mariano Parra, disse à Agência ECCLESIA que a promoção da participação “ativa” dos jovens na Pastoral Juvenil é uma experiência que se faz “há vários anos” na América Latina, com o objetivo de que estes “tenham parte ativa na Igreja”.

“Que [os jovens] sintam que eles também têm responsabilidade na Igreja e que os pastores lhes abram as portas, lhes abram o seu coração para os ouvir. Eles podem contribuir com muito”, sublinha o relator de um dos grupos de trabalho em espanhol, que durante oito anos foi responsável pelo setor da Juventude no Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM).

Para o especialista, as novas gerações exigem “companhia” e uma atenção a todas as suas expressões.

“Os jovens de todo o mundo, às vezes, falam-nos com o silêncio: na forma como se vestem, como dançam, como fazem comunidade, na forma como se reúnem”, precisa.

O arcebispo venezuelano explica que, no CELAM, a metodologia aplicada na Pastoral Juvenil tem quatro passos: fascinar, escutar, discernimento e conversão.

“Se tu pretendes saltar os primeiros passos, a última parte, a conversão não vai acontecer, porque o jovem não vai ouvir e nós não vamos saber do que falar os jovens, porque não os ouvistes, não sabes quais são os seus problemas, as suas necessidades”, adverte.

D. Mariano Parra assume a diferença de uma realidade latino-americana marcada pela presença dos jovens, face ao envelhecimento da Europa

“Nós damos muito protagonismo aos jovens todo o processo da Pastoral Juvenil na América Latina. O processo demorou muitos anos, mas nunca parou. Pelo contrário, avançou através do tempo, sem voltar atrás”, realça.

O arcebispo de Rangum (Myanmar), cardeal Charles Maung Bo, que se apresenta como descendente dos primeiros cristãos que, no país asiático, receberam a missionação portuguesa, pede uma maior atenção aos jovens, em todo o mundo, com a consciência de que muitos “não estão a ser ouvidos”.

“Depois do Sínodo, espero que especialmente os bispos, os padres, os religiosos ajudem os jovens, a ouvi-los realmente, a acompanhá-los. É esta a minha esperança sobre os frutos do documento final”, observa o cardeal, um dos presidentes-delegados do Sínodo, em declarações à Agência ECCLESIA.

Já o cardeal Christoph Schönborn, arcebispo de Viena (Áustria), evocou hoje na sala de imprensa da Santa Sé as “terríveis injustiças de que sofrem tantos jovens no mundo”, para quem a Igreja Católica é a “última esperança”.

D. Eamon Martin, arcebispo de Armagh (Irlanda), deixou votos de que, na questão dos abusos de menores, “mais países levem este assunto a sério”.

O responsável assumiu uma mudança face às suas expectativas antes da assembleia.

“Ao vir para Roma, cheguei com uma certa dose de ceticismo”, admitiu, mas a experiência do Sínodo, “vendo e conhecendo a realidade dos jovens” de vários países, levou-o agora a sentir-se um “embaixador” da alegria que se viveu nestas semanas.D. Bienvenu Manamika Bafouakouahou, bispo de Dolisie (República do Congo), falou à ECCLESIA da “complexa” questão da corrupção, defendendo que “os jovens, hoje, precisam de ser seguidos pelos adultos”, para reformar a sua “estrutura mental”.

“O homem torna-se cada vez mais individualistas e, nesse individualismo, procura-se o interesse próprio, sem um limite. É aí que acontece a corrupção. Mas ela também tem outras causas, há um problema de moral, de virtude. A Igreja pede-nos que voltemos à base, o Evangelho, para a lealdade, para a transparência, regressar ao essencial das virtudes”, sustenta.

O Sínodo dos Bispos, iniciado a 3 de outubro, discute e aprova, este sábado, o Documento Final e uma Carta aos Jovens; no domingo, o Papa Francisco preside à Missa conclusiva da assembleia, na Basílica de São Pedro, pelas 10h00 (menos uma em Lisboa).

A reportagem no Sínodo dos Bispos é realizada em parceria para a Agência Ecclesia, Família Cristã, Flor de Lis, Rádio Renascença e Voz da Verdade.

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