18 nov, 2018 - 10:09 • Filipe d'Avillez
O Papa afirmou este domingo, em Roma, que a pobreza radica sempre na injustiça.
Numa missa celebrada por ocasião da segunda Jornada Mundial dos Pobres, uma iniciativa que começou no contexto do Ano da Misericórdia, Francisco disse que todos os cristãos devem procurar “viver a fé em contacto com os necessitados”, explicando ainda que tal “não é uma opção sociológica, uma moda de um pontificado, mas sim uma exigência teológica”.
O Papa recusou ainda limitar a noção de pobreza à de falta de recursos financeiros, elencando uma longa lista de outros pobres.
“O grito dos pobres: é o grito estrangulado de bebés que não podem vir à luz, de crianças que padecem a fome, de adolescentes habituados ao fragor das bombas em vez de o ser à algazarra alegre dos jogos. É o grito de idosos descartados e deixados sozinhos. É o grito de quem se encontra a enfrentar as tempestades da vida sem uma presença amiga. É o grito daqueles que têm de fugir, deixando a casa e a terra sem a certeza dum refúgio. É o grito de populações inteiras, privadas inclusive dos enormes recursos naturais de que dispõem. É o grito dos inúmeros Lázaros que choram, enquanto poucos egoístas se banqueteiam com aquilo que, por justiça, é para todos.”
“A injustiça é a raiz perversa da pobreza. O grito dos pobres torna-se mais forte de dia para dia, mas de dia para dia é menos ouvido, porque abafado pelo barulho de poucos ricos, que são sempre menos e sempre mais ricos”, sublinhou o Papa.
Perante a pobreza, os cristãos não podem ficar de braços cruzados, diz ainda Francisco. “Junto de Deus o grito dos pobres encontra guarida, mas em nós? Temos olhos para ver, ouvidos para escutar, mãos estendidas para ajudar?”
Antes, Francisco tinha discorrido sobre o Evangelho deste domingo, em que Jesus caminha sobre as águas durante uma tempestade, com os seus discípulos em pânico na barca. Quando Jesus entra na barca o tempo acalma. Este, diz Francisco, é um segredo para a nossa vida. “O segredo de bem navegar é convidar Jesus a subir a bordo. O leme da vida deve ser dado a Ele, para que seja Jesus a traçar a rota. Com efeito, só Ele dá vida na morte, e esperança na dor; só Ele cura o coração com o perdão, e liberta do medo com a confiança. Convidemos, hoje, Jesus a subir para a barca da vida.”
Ainda esta tarde o Papa irá almoçar com um grupo de cerca de três mil pobres, no Vaticano.