23 nov, 2018 - 13:57
A convocação de uma cimeira de bispos para lidar com a questão dos abusos sexuais na Igreja é uma prova de que o Papa tem no combate a este flagelo uma das grandes prioridades para a Igreja, defende o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé.
Numa declaração gravada e enviada aos jornalistas esta sexta-feira, Greg Burke deixa claro que “o encontro de fevereiro não tem precedentes e mostra que o Papa Francisco tornou a proteção de menores uma prioridade fundamental para a Igreja. Trata-se de manter as crianças seguras em todo o mundo.”
“O Papa Francisco quer que os líderes da Igreja compreendam totalmente o impacto devastador que o abuso sexual por parte do clero tem sobre as vítimas.”
Embora o encontro seja dirigido principalmente aos bispos, estando convocados os presidentes das Conferências Episcopais de todo o mundo, haverá também o contributo de leigos especializados, “que possam ajudar a perceber, especialmente, o que deve ser feito para garantir a transparência e a responsabilização”, afirma ainda o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé.
Também esta sexta-feira foi publicada, no site Vatican News, uma entrevista ao jesuíta Hans Zollner, um dos maiores especialistas na Igreja na questão dos abusos sexuais, que faz parte da comissão organizativa da cimeira e que tem assento na Comissão Pontifícia para a Proteção de Menores, que também colabora com a organização do evento.
Zollner explica que até fevereiro haverá uma fase de consultas em que serão ouvidos especialistas, vítimas de abusos e leigos com formação nesta área. Com base nisto, a comissão organizará o encontro de fevereiro, tanto em termos de logística como de conteúdos a debater. “É importante que haja uma partilha de experiências, das dificuldades e das possíveis soluções, para fazer frente a este terrível escândalo”, diz o sacerdote.
O padre Hans Zollner diz que está consciente de que as expetativas são altas para este encontro. “Sabemos isso, e é compreensível, tendo em conta a gravidade do escândalo que abalou e feriu tantas pessoas, crentes e não-crentes, em tantos países.”
“O Santo Padre convocou este encontro para fevereiro precisamente porque sabe que a proteção de menores é uma prioridade fundamental para a Igreja, não só para a sua credibilidade, mas mesmo para a sua missão. É por isso que ele quer que o encontro decorra de forma livre, sem condições, animada pela oração”, diz ainda o especialista.