03 dez, 2018 - 12:21
O Papa defende que os padres com atração por pessoas do mesmo sexo e que não vivem de forma celibatária devem abandonar o sacerdócio em vez de viver uma “vida dupla”.
Numa entrevista a um padre espanhol, que está prestes a ser publicado em forma de livro em várias línguas, Francisco diz que esta é uma questão que o preocupa.
“A questão da homossexualidade é muito grave”, diz o Papa, quando questionado sobre essa tendência nos candidatos ao sacerdócio. É importante que os formadores nos seminários se assegurem de que os candidatos são “humana e emocionalmente maduros”, para que possam ser ordenados, considera.
A regra deve aplicar-se também a religiosos, homens ou mulheres. Neste campo a Igreja tem o dever de ser “exigente” diz Francisco.
“Por isso a Igreja aconselha que pessoas com esta tendência fortemente enraizada não sejam aceites no ministério ou na vida consagrada.”
Quanto aos padres ou religiosos homossexuais que já tenham sido ordenados, o Papa pede responsabilidade. É melhor abandonar o sacerdócio ou a vida consagrada do que viver uma vida dupla”, afirma, no livro.
O Catecismo da Igreja Católica diz que a mera atração por pessoas do mesmo sexo não constitui pecado, mas que os atos homossexuais sim. Nos últimos tempos do pontificado de Bento XVI houve várias notícias sobre um alegado lobby homossexual no Vaticano, embora nunca fosse revelado nada de concreto sobre este assunto. Pouco depois de ter sido eleito Francisco foi questionado sobre a existência de homossexuais na cúria romana e responde: "Se alguém for homossexual e procura o Senhor de boa-vontade, quem sou eu para julgar?".
As declarações do Papa foram feitas durante cerca de quatro horas de conversa com o padre francês Fernando Prado. O livro, que será publicado nas próximas semanas, mas a que a agência Reuters teve acesso, chama-se “A Força da Vocação”.
As conversas decorreram em Agosto precisamente numa altura em que a Igreja estava a ser abalada pelo início do escândalo envolvendo o cardeal americano Theodore McCarrick, arcebispo emérito de Washington e um dos prelados mais influentes da Igreja Católica americana.
Depois de terem surgido indícios credíveis de que McCarrick tinha abusado de um menor há várias décadas, começaram a surgir revelações de que o arcebispo recrutava e mantinha uma rede de seminaristas e padres com quem mantinha relações homossexuais.
Enquanto a investigação decorre McCarrick, que já tem 88 anos, está obrigado a viver uma vida de reclusão e oração mas o Papa já o expulsou do Colégio dos Cardeais.