17 dez, 2018 - 14:52
Mais dois cristãos foram condenados à morte no Paquistão pelo crime de blasfémia.
O crime de que foram acusados os dois irmãos Qaisar e Amoon Ayub tem a ver com material publicado na internet. Desde 2015 que os irmãos estavam detidos. Qaiser é casado e tem três filhos, o seu irmão Amoon também é casado.
Segundo a acusação, o material ofensivo foi publicado em 2011, mas os irmãos dizem que as suas contas não estavam ativas desde 2009.
Por razões de segurança a audiência em que foi lida a sentença teve lugar no interior da prisão. Uma organização que presta apoio jurídico a vítimas de intolerância religiosa, a Centre for Legal Aid, Assistance and Settlement, já anunciou que vai recorrer da sentença para o Supremo Tribunal de Lahore.
Segundo a fundação Ajuda à Igreja que Sofre a condenação surge poucos dias depois de ter sido criada uma comissão para a proteção dos direitos das minorias religiosas no Paquistão.
A comissão é composta por juristas e académicos assim como por elementos ligados a organizações de defesa dos direitos humanos e tem como objetivo principal incentivar os governos, tanto a nível federal como regional, a defenderem os preceitos constitucionais de liberdade religiosa.
O Islão é a religião oficial no Paquistão e a blasfémia é punida com pena perpétua – no caso de ofensas ao Alcorão – e com a morte – no caso de ofensas a Maomé. A lei é frequentemente usada para perseguir membros de minorias étnicas e religiosas, uma vez que basta a palavra de uma testemunha para que a vítima seja detida.
Embora ninguém tenha sido executado ao abrigo da lei da blasfémia, há vários casos de pessoas mortas enquanto aguardam julgamento ou depois de libertadas.
Recentemente o Supremo Tribunal ordenou a libertação da cristã Asia Bibi, que esteve durante oito anos na prisão depois de ter sido condenada por blasfémia, tendo-se tornado um símbolo internacional de oposição à lei e à perseguição aos cristãos e outras minorias religiosas no Paquistão. Apesar de libertada, Asia Bibi e a sua família continuam escondidos devido às ameaças de morte de que têm sido alvo por parte de fundamentalistas islâmicos.