10 jan, 2019 - 13:42 • Ângela Roque , Sandra Torres
A apresentação da primeira associação desportiva oficial do Vaticano trouxe à Renascença Ismael Teixeira. O sacerdote e praticante de triatlo aplaude a criação do grupo ‘Athletica Vaticana’, constituído por cerca de 70 maratonistas, que são funcionários dos vários serviços da Santa Sé.
“Era um sonho que eu tinha, que a Igreja de facto prestasse mais atenção a esta realidade que é o desporto. E neste tempo em que eu tenho tido esta cruzada mais permanente no desporto, parece que o Papa Francisco tem ouvido as minhas preces, primeiro com o documento 'Dar o melhor de si', que foi a primeira reflexão da Igreja sobre a importância do desporto na vida das pessoas, e agora a dar o exemplo criando esta associação desportiva”, afirmou.
Lembrando que o documento publicado em meados de 2018 já “incentivava a que todas as diocese no mundo prestassem atenção à Pastoral do Desporto, e criassem projetos concretos”, o padre Ismael não tem dúvidas que este grupo criado no Vaticano é “uma dessas medidas concretas”.
“Ter uma equipa de maratonistas, de desporto, é um ótimo meio de dizer que o Vaticano está a procurar uma melhor forma, não é, a querer ser mais saudável, e isso tem a ver com o Papa Francisco também tem tentado fazer”, disse ainda, sublinhando que “o desporto também é um meio de purificação, de ascese, e na minha vida, é aí que eu também procuro fazer isso”.
“É uma Igreja mais em forma para os tempos de hoje, que acompanha melhor o homem de hoje, que faz desporto, que procura no desporto também vida saudável, porque isso também é procurar salvação. Portanto acho que é uma sintonia perfeita, e é para mim uma grande alegria saber da concretização desta equipa de corredores, que vai ser uma ótima marca, no fundo, para este Vaticano mais em forma, mais saudável, mais belo”, afirmou ainda.
O “padre de ferro”, como também é conhecido, pelas várias provas ‘Ironman’ em que já participou, considera muito importante que o Vaticano dê o exemplo nesta área, valorizando o desporto, que é um meio de inclusão por excelência. "Este grupo, que agora é uma associação, já organizou em 2017 uma prova inter-religiosa, e outra das iniciativas marcantes que já teve foi adotar dois refugiados”, dois cidadãos da Gâmbia, Jallow Buba e Musa Barry, em sintonia com a decisão do Comité Olímpico Internacional de criar uma equipa de atletas refugiados, o que em sua opinião “é uma ótima maneira de mostrar a inclusão, a comunhão entre os povos. Somos todos irmãos, e o desporto é uma ponte extraordinária para fazer isso".
Como atleta espera vir a espera vir a participar numa das próximas provas que será organizada no Vaticano. “Vou querer fazer o principal evento desportivo que esta equipa propõe anualmente, que é uma meia maratona em Roma, a começar e a acabar no Vaticano, e a passar por vários templos cristãos e não cristãos. É uma prova inter-religiosa, para que haja paz entre religiões, entre povos, que se chama 'Via Pacis', que é o caminho no fundo para a paz, e o desporto é um ótimo instrumento para a paz entre os diferentes povos, entre as diferentes pessoas, entre as diferentes culturas e religiões".
Para o padre Ismael “a igreja também é a casa do Desporto, é o lugar claro para fazer desporto”, por isso é muito importante que tenha uma pastoral do desporto, prática que como sacerdote aconselha muitas vezes aos féis. “Às vezes é a penitência que lhes recomendo, uma vida mais desinstalada, uma vida mais ativa, porque é o que as pessoas às vezes precisam. Para além de padre também sou psicólogo, e sinto isso quando oiço as pessoas. E o desporto é um ótimo instrumento para isso, para as pessoas porem a vida a mexer, procurarem uma vida mais saudável, e isso é procurar a salvação, isso é procurar a Santidade, no fundo, dar o melhor de si, também com a ajuda do desporto".