18 jan, 2019 - 18:02 • Olímpia Mairos (texto e fotos)
Está à porta mais uma Jornada Mundial da Juventude, que este ano vai decorrer no Panamá. Três centenas de portugueses, de 12 dioceses e quatro movimentos, acompanhados por seis bispos e 30 voluntários, vão participar no encontro com o Papa.
Paulo Silva, de 35 anos, é um deles. Parte pela diocese de Vila Real com outra jovem. Vai ao Panamá pelo “encontro com o Papa Francisco, pela fé e também pelo encontro de culturas, de raças, de todas as cores diferentes”. “Tudo se encontra num só local e todos com a mesma fé e com o mesmo sentido que é Jesus Cristo”, sublinha à Renascença.
Paulo é repetente em JMJ, esteve em Madrid, Rio de Janeiro e Cracóvia. Refere que todas as jornadas foram importantes e contribuíram para o fortalecimento da fé. De cada uma guarda, ainda hoje, as lições que colheu.
Se, na jornada de Madrid, o que mais marcou o jovem foi a persistência dos “jovens que não arredaram pé perante uma chuva torrencial e trovoada e a coragem do Papa Bento XVI em marcar presença no meio daquela intempérie”, já do Rio de Janeiro Paulo recorda o silêncio, em que se ouviam as ondas do mar e o canto dos pássaros, durante o momento da consagração.
“E isto faz-me mover e faz- me pensar nas dificuldades da vida que, às vezes, nós temos e penso nesses dias, na presença de Deus, nesse momento especial, mas que está sempre connosco”, conta.
Na Polónia, o Papa Francisco desafiou os jovens a calçarem as botas e a saírem do sofá. Uma mensagem inquietou o jovem, porque, diz, “estamos sentados no sofá, como o Papa disse, só telemóveis, só televisão e esquecemo-nos de conviver uns com os outros”.
“Eu sou professor e vejo isso na escola que os alunos não conversam, não sabem relacionar-se uns com os outros, e a mensagem do Papa fez-me pensar que eu não posso ser só missionário na minha paróquia, eu tenho que sair da minha zona de conforto e não ter medo de mostrar e dizer aquilo que eu sou, que sou cristão, que gosto de Deus e que vivo com Deus”, acrescenta.
O professor, atualmente a lecionar em Ponta Delgada, parte na madrugada deste sábado, com muitas expetativas e curiosidade “pela cidade, pela alimentação, pela cultura e pelo que o Papa tem para dizer desta vez”. “E como se fala tanto que a JMJ de 2022 pode ser em Portugal, quero estar lá bem à frente a receber essa notícia que, a acontecer, vai alegrar-me imenso”, conclui.
Aida da Conceição, de 22 anos, parte com o desejo de se “encontrar com jovens de todo o mundo e solidificar a caminhada como cristã”. Quanto às expectativas, “são imensas, com o aproximar do evento”. A de se encontrar pela primeira vez com o Papa Francisco “supera todas as outras”, diz, acrescentando que Francisco é “um Papa sem fronteiras, alguém muito especial porque fala uma linguagem que todos entendem e a sua mensagem é de fácil aplicação à vida”.
A jovem, natural da Régua, a residir no Porto, conta que fez “alguns sacrifícios para juntar dinheiro a fim de poder participar” no encontro mundial dos jovens. “Às vezes custava um bocadinho não ir com as amigas ao cinema ou a algum concerto, mas, como tinha o objetivo do Panamá, isso foi mais forte e consegui”, realça.
A participação na JMJ vai implicar para esta jovem um gasto de 1. 700 euros. “São 1. 400 para participar e mais uns 300 para gastos pessoais”, explicita.
Bispo de Bragança-Miranda. Presença e companhia com os jovens no Panamá
O bispo de Bragança-Miranda, D. José Cordeiro, parte para a JMJ com “enormes expetativas e, sobretudo, com uma grande esperança e uma vontade firme de ser companhia e presença juntamente com os jovens que vão de Portugal, mas de todos os países do mundo”.
O prelado conta à Renascença que, desde que participou na JMJ em 2013, no Rio de Janeiro, ficou “convencido e encantado com estes momentos”.
“Sabemos que a pastoral juvenil vocacional não é feita apenas de eventos, mas estes são aqueles momentos que criam impacto da catolicidade e do grande alcance universal da fé, da Igreja, e que nos motivam a vivermos mais em profundidade o evangelho e até nos ajudam a relativizar muitos dos problemas que nos aparecem no quotidiano e, de um modo especial, no acompanhamento com os mais jovens”, observa o bispo transmontano.
D. José Cordeiro considera que as jornadas são extremamente importantes para a Igreja e afirma que “têm uma grande importância, de um alcance enorme”.
“Esta intuição de S. João Paulo II e a sua realização continuam tão vivas e tão presentes na igreja que as JMJ são já parte da Igreja, fazem parte não apenas da sua agenda, mas da sua vida de fé e de presença no mundo e deste movimento e dinamismo que só de uma maneira especial os jovens conseguem fazer e tornar a Igreja mais bela, mais jovem, no sentido em que se abre para o futuro e sem medo e com um coração largo”, conclui.
A organização da XXXIV Jornada Mundial da Juventude, com o lema “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua Palavra”, espera 200 mil jovens provenientes de 155 países, incluindo mil jovens indígenas dos cinco continentes.
A Missa de inauguração está marcada para 22 de janeiro, um dia antes da chegada do Papa Francisco ao Panamá.
Durante a semana decorre uma Feira da Juventude e Vocacional, que complementa as várias atividades da noite, entre elas o acolhimento ao Papa, a 24 de janeiro, e a tradicional vigília de oração, dois dias depois, no campo São João Paulo II.
A JMJ 2019 conclui-se a 27 de janeiro, com a missa do envio e o encontro de Francisco com os voluntários.
As JMJ nasceram por iniciativa de São João Paulo II, após o sucesso do encontro promovido em 1985, em Roma, no Ano Internacional da Juventude. São, por assim dizer, o encontro mundial da juventude católica, um acontecimento religioso e cultural que reúne jovens de todo o mundo durante uma semana.
Este ano, as jornadas decorrem no Panamá, o país com maior percentagem de católicos na América Central. Os cerca de 2,6 milhões de batizados representam 80% da população.