13 fev, 2019 - 16:59 • Filipe d'Avillez
Veja também
O Papa Francisco escreveu uma carta ao Presidente Nicolás Maduro, da Venezuela, em que confessa estar “desiludido” com ele.
No auge da contestação internacional ao regime venezuelano, depois de Juan Guaidó se ter proclamado presidente interino da Assembleia Nacional, Maduro escreveu ao Papa, com quem já se tinha encontrado pessoalmente, para pedir ajuda.
A resposta do Papa, crítica de Maduro, é um golpe duro para o regime. A Igreja Venezuelana há muito que critica abertamente o Governo e a “revolução bolivariana” iniciada por Chávez há quase duas décadas.
A carta do Papa, que foi lida pelo jornal italiano “Corriere
della Sera”, é endereçada ao “Excelentíssimo senhor Nicolás Maduro Moros” e em
lado nenhum o trata como Presidente.
Embora empregue uma retórica educada, o Papa é claro na
crítica que faz ao regime de Maduro. Francisco reconhece que não faltaram
oportunidades “para tentar encontrar uma saída da crise venezuelana”, mas que “infelizmente
todas foram interrompidas, porque o que foi acordado nas reuniões acabou por
não ter seguimento nem ser implementado através de gestos concretos”. O Papa
lamenta ainda que as palavras de Maduro pareçam ter “deslegitimado as boas
intenções que haviam sido colocadas por escrito”.
O Papa reafirma que sempre defendeu o diálogo, "não um diálogo qualquer, mas do diálogo que existe quando as diferentes partes em conflito colocam o bem comum acima de qualquer interesse e trabalham em prol da unidade e da paz".
Francisco, que tem sido criticado pelas alas mais conservadoras da Igreja Católica por ser aparentemente permissivo com o regime de Maduro, explica que a Igreja - tanto a Santa Sé como os bispos venezuelanos - tudo fizeram com o objetivo de mediar uma solução para a crise "pacífica e institucional", e que o Vaticano impôs ao regime, a troco dessa colaboração, uma série de condições elencadas numa carta datada de 1 de dezembro de 2016. Nessa carta "a Santa Sé explicó claramente quais eram os pressupostos para que fosse possível o diálogo". Essas condições, e outras que entretanto foram acrescentadas, são cada vez mais necessárias, diz o Papa, que volta a manifestar a sua preocupação com o perigo do derramamento de sangue.
[Em atualização]