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Francisco em Marrocos

Papa apela à "solidariedade de todos os crentes” para combater fanatismo religioso

30 mar, 2019 - 14:52 • Inês Rocha , Aura Miguel (em Marrocos)

Perante um povo maioritariamente muçulmano, Francisco afirmou que “precisamos de passar da simples tolerância ao respeito e estima pelos outros”. Francisco quer relação de “convivência, amizade e fraternidade” entre as duas religiões.

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Papa apela à "solidariedade de todos os crentes” para combater fanatismo religioso

O Papa afirmou, esta tarde, em Marrocos, país maioritariamente muçulmano, que é “indispensável contrapor ao fanatismo e ao fundamentalismo a solidariedade de todos os crentes, tendo como preciosas referências das nossas ações os valores que nos são comuns”.

Após ser recebido pelo rei Mohammed VI, Francisco referiu-se à sua visita como um “evento profético”, afirmando que “demonstra que a coragem do encontro e da mão estendida é um caminho de paz e harmonia para a humanidade nas situações onde o extremismo e o ódio são fatores de divisão e destruição”.

O Papa diz sentir-se feliz “por poder visitar o Instituto Mohammed VI para imãs, pregadores e pregadoras, criado por Vossa Majestade para proporcionar uma formação adequada e sadia contra todas as formas de extremismo, que levam muitas vezes à violência e ao terrorismo e constituem, em todo o caso, uma ofensa à religião e ao próprio Deus”.

Francisco lembrou que é “necessária uma condigna preparação dos futuros guias religiosos, se quisermos reavivar o verdadeiro sentido religioso no coração das novas gerações”.

Sobre a liberdade de consciência e a liberdade religiosa, o Santo Padre sublinhou aos responsáveis políticos de Marrocos – onde 99% da população é muçulmana e os católicos cerca de 25 mil pessoas (0,07%) - que estas estão "inseparavelmente ligadas à dignidade humana" e que não devem limitar-se à mera liberdade de culto, mas "deve consentir a cada um viver segundo a própria convicção religiosa".

“Precisamos sempre de passar da simples tolerância ao respeito e estima pelos outros, já que se trata de descobrir e aceitar o outro na peculiaridade da sua fé e enriquecer-se mutuamente com a diferença num relacionamento marcado pela benignidade e a busca daquilo que podemos fazer juntos”.

“Assim entendida, a construção de pontes entre os seres humanos, vista da perspetiva do diálogo inter-religioso de vista, pede para ser vivida sob o signo da convivência, da amizade e, mais ainda, da fraternidade”, disse Francisco.

O Papa trouxe também o tema das alterações climáticas para o seu discurso. Francisco mostrou o seu apreço por todos os “avanços” verificados no âmbito da Conferência Internacional sobre as Alterações Climáticas, COP 22, realizada em Marrocos, em 2016, que “comprovou mais uma vez a tomada de consciência por parte de muitas nações sobre a necessidade de proteger o planeta, onde Deus nos colocou a viver, e contribuir para uma verdadeira conversão ecológica ao desenvolvimento humano integral”.

Francisco referiu ainda a Conferência Intergovernamental sobre o Pacto Mundial para uma Migração Segura, Ordenada e Regular, que decorreu em Marraquexe, no último mês de dezembro.

“A grave crise migratória, que atualmente enfrentamos, constitui para todos um apelo urgente a procurar os meios concretos para erradicar as causas que forçam tantas pessoas a deixar o seu país, a sua família, acabando muitas vezes marginadas, rejeitadas”, apelou.

O Papa criticou discursos que promovem a “construção de barreiras” ou a “propagação do medo do outro”, considerando que Marrocos representa “um exemplo de humanidade para os migrantes e os refugiados”.

"O que os terroristas têm em comum não é religião, mas a ignorância da religião"

Antes, num discurso em árabe, espanhol, inglês e francês, o rei Mohammed VI criticou a “instrumentalização” das religiões.

"O diálogo entre as religiões abraâmicas [judaísmo, o cristianismo e o islamismo] é manifestamente insuficiente na realidade de hoje", afirmou o monarca. "As três religiões não existem para se tolerar, para a resignação fatalista ou aceitação altiva".

"Elas existem para se ouvir umas às outras e para se conhecerem, numa disputa para fazer o bem uns aos outros".

O monarca afirmou ainda que “o que todos os terroristas têm em comum não é religião, mas a ignorância da religião”, assinalando que esta é “paz” e “amor”.

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