08 abr, 2019 - 12:36 • Liliana Carona
O ciclone Idai veio por a nú muitas das fragilidades em Moçambique, mas a Helpo é uma ONG portuguesa que está no terreno há mais de dez anos. Uma das iniciativas passa pelo projeto “O nosso casamento multiplica a nossa felicidade” - em vez de brindes e prendas, os noivos e os convidados são desafiados a fazer donativos em prol das mais diversas necessidades. A par desta ação decorre ainda a campanha “Estamos prontos para ajudar Moçambique”.
Por ocasião do seu casamento, o Bruno e a Clara fizeram um donativo à Helpo, que permitiu a substituição do telhado em capim por chapas de zinco, numa escola primária em Moçambique.
A Helpo é uma associação não governamental portuguesa, fundada em 2007, que tem como objetivo prestar apoio às populações mais vulneráveis. Joana Clemente, 36 anos, a fundadora desta organização, tem já em marcha uma outra campanha de apoio a Moçambique. “Estamos prontos para ajudar”, assim se chama a campanha que até ao final do mês de maio vai promover recolha de diversos tipos de bens.
Joana recorda o que mais precisam: “Já fizemos uns cinco orçamentos, todos os dias há novas necessidades e solicitações maiores. Precisamos muito ainda de roupa para bebé, fraldas de pano, enlatados, sal iodado, açúcar, óleo, repelentes e testes rápidos para a malária”, enumera.
A associação tem tido o apoio do padre missionário Carlos Jacob, de 59 anos, que a partir do Seminário de Gouveia, organizou um jantar solidário que angariou 1.100 euros.
O padre que esteve ao longo de quase duas décadas na província de Nampula, aplaude a ideia das prendas de casamento como donativos. “Muitas vezes esbanja-se dinheiro e os convidados não sabem o que ofertar e tendo por objetivo a ajuda a estas necessidades tão prementes, esta é uma prenda inesquecível, sai do normal e marca a diferença. Os que se vão casar em vez de amealharem tantas coisas materiais, pensem nestas necessidades dos nossos irmãos, mesmo longe precisam da nossa proximidade”, alerta.
A Helpo, com dez voluntários permanentes e 90 agentes comunitários, implementa programas e projetos nas mais diversas áreas de intervenção. Operam em Moçambique, São Tomé e Guiné Bissau, trabalhando sobretudo nas áreas da educação e da nutrição materno infantil em áreas rurais.
Joana Clemente quer proporcionar aos jovens uma continuidade o mais duradoura possível dentro do sistema de ensino e elogia o apoio do Padre Jacob. “É um grande amigo, é sempre bom olhar para ele e recordar as coisas boas que podemos fazer juntos, este donativo deixa-nos muito sensibilizados, tendo em conta a dimensão de Gouveia”, sublinha a responsável acrescentando que já estava à espera de uma boa surpresa, “mas superou as nossas expetativas”.
António Peres Metelo, presidente da direção da Associação Helpo, não escondeu a emoção. “Estamos muito agradecidos a Gouveia, percebemos o peso que tem esta mobilização. Sou economista de profissão e percebo o sentido dos números, estes 1.100 euros emociona-nos muito e queremos dizer aos gouveenses que prestaremos escrupulosas contas de cada cêntimo que tem que ser muito bem utilizado”, garante.
A contagem oficial de mortes provocadas pelo ciclone Idai em Moçambique passa as 600 e o número de pessoas afetadas está acima de 1,5 milhões, segundo as autoridades.
Há 142.327 pessoas em centros de acolhimento, 85% das quais na província de Sofala, a mais afetada pelo ciclone.
A contagem oficial indica também que há 3.359 salas de aula danificadas e 263.181 alunos afetados.
O número de habitações totalmente destruídas (a maioria de construção precária) subiu para 111.163 e há 112.735 casas parcialmente danificadas.