08 mai, 2019 - 09:17 • Redação
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Seis meses depois de ter sido absolvida do crime de blasfémia, pelo qual chegou a ser condenada à morte no Paquistão, a cristã Asia Bibi viajou para o Canadá.
"Asia Bibi chegou ao Canadá ontem à noite (terça-feira). Deixou o Paquistão com o marido, depois do Governo ter permitido que saíssem do país. Levou tempo, mas está finalmente em segurança", revelou um dos advogados.
Fonte diplomática do Ministério dos Negócios Estrangeiros, que pediu para não ser identificada, assegurou que Bibi é "uma cidadã livre" e "deixou o Paquistão de livre vontade e com o apoio total do Governo".
O Canadá ofereceu asilo a Bibi, ao marido, aos quatros filhos e ao advogado da família.
Asia foi acusada em junho de 2009 de blasfémia, um crime que acarreta pena de morte no Paquistão. Foi condenada e enviada para a prisão, onde aguardava a execução, enquanto os seus advogados foram recorrendo, sempre sem sucesso. Em sua defesa sempre disse que estava a ser alvo de represália por colegas trabalhadoras que não gostaram que ela, sendo cristã, bebesse água da mesma fonte que elas quando estavam ao serviço, o que tinha levado a uma discussão.
Ultrapassou o último obstáculo para recuperar a liberdade em janeiro passado, quando o Supremo Tribunal rejeitou um recurso contra a sua absolvição. Em 2010, a cristã foi condenada à morte e quatro anos depois perdeu um recurso apresentado a um tribunal superior de Lahore. Por fim, em finais de outubro, o Supremo Tribunal do Paquistão ilibou a cristã, o que desencadeou uma série de protestos organizados pelo partido Tehreek-e-Labaik Pakistan (TLP).
Este partido chegou depois a acordo com o Governo do primeiro-ministro Imran Khan, para que Asia Bibi fosse proibida de sair do país enquanto não houvesse uma decisão do Supremo sobre o recurso contra a sua absolvição.
Asia foi libertada a 7 de novembro e levada para um local "seguro".
A lei da blasfémia no Paquistão tem sido alvo de muita contestação ao longo dos últimos anos. Segundo o código penal daquele país, de esmagadora maioria islâmica, as ofensas ao Alcorão são puniveis com prisão perpétua e ofensas a Maomé são puniveis com pena de morte. De facto, ninguém foi executado ao abrigo da lei, mas esta não deixa de constituir ameaça uma vez que muitos acusados têm sido assassinados dentro da prisão ou mesmo após a sua libertação.