08 mai, 2019 - 15:16 • Teresa Paula Costa
Maria de Lurdes Mixão presta apoio aos peregrinos no santuário de Fátima há quatro anos.
Com os conhecimentos que tem, por ser enfermeira no Hospital de Santa Maria, fica surpreendida com as mazelas que os peregrinos apresentam ao chegarem ao final da sua caminhada e acredita que é possível chegar em melhor estado, até porque ela própria faz parte de um grupo de meia centena de peregrinos que, nesta quarta feira, começou a sua viagem em direção ao santuário de Fátima.
Maria de Lurdes Mixão revela que, do seu grupo, “são poucos aqueles que chegam ao santuário com os pés em ferida.” Terão “uma ou duas bolhas que serão tratadas logo no primeiro ou segundo dia e, a partir daí, a questão fica resolvida.”
A receita tem vários ingredientes. A primeira coisa a ter em conta é o calçado. Os “ténis de caminhada que há à venda nas casas de desporto estão mesmo preparados para este tipo de esforço”, por isso, são os mais adequados. Por outro lado, devem ser preferidos ténis “que já foram usados” em detrimento de calçado novo ao qual os pés ainda não se habituaram, e “não devem ser muito justos aos pés”. Deverão ainda ser “impermeáveis porque pode acontecer estar a chover e os pés ficam todos molhados.”
Outro aspeto a ter em consideração são as meias. A voluntária salienta que “as meias devem ser próprias para caminhada e podem ser adquiridas nas casas de desporto.” Embora mais caras, “são um investimento que vale a pena pois previnem as bolhas e a fricção.”
Em casa, antes de saírem, os peregrinos devem ter outro hábito. Apesar de haver “quem aconselhe a untar os pés com vaselina ou óleo de amêndoas doces”, Maria de Lurdes Mixão diz que tal não deve ser feito, pois, com o calor, “essa gordura vai fritar os pés e criar bolhas”. Deve-se, sim, “untar bem os pés com uma pomada espessa usada na prevenção e tratamento das assaduras dos bebés, e que exerce uma ação protetora e cicatrizante da pele.”
Durante o percurso, e logo na primeira paragem, “se houver possibilidade, deve-se retirar as meias, molhar os pés com água fria, secá-los muito bem e elevá-los para que estes desinchem e as dores diminuam.” Logo de seguida, deve-se voltar a untar os pés com a mesma pomada e calçar as meias.
Apesar de estarem à venda “pensos com designação exata para aplicar nas caminhadas, estes também não são, de todo, aconselháveis.” Segundo a enfermeira, “é um penso que vai aderir muito à pele e, mesmo não havendo indicação para ser retirado, a pele acaba por se destacar, provocando feridas gravíssimas.”
Estes cuidados devem ser transmitidos aos peregrinos o que, segundo a enfermeira, a julgar pelo estado em que chegam, nem sempre acontece. Por isso, diz que é aconselhável cada grupo de peregrinos integrar um técnico de saúde.
Se quer caminhar até Fátima, vá primeiro ao seu médico para saber se está em condições de o fazer. Se toma medicação diariamente, não se esqueça de a levar na peregrinação, ponha o colete refletor e siga sempre as indicações das Forças de Segurança. Tendo todos estes cuidados, terá todas as hipóteses de chegar em boas condições ao Santuário de Fátima, conclui Maria de Lurdes Mixão.