27 mai, 2019 - 10:30 • Marta Grosso
“Quando nos interessamos [pelos migrantes], interessamo-nos também por nós, por todos; cuidando deles, todos crescemos; escutando-os, damos voz também àquela parte de nós mesmos que talvez mantenhamos escondida por não ser bem vista hoje”.
São palavras do Papa Francisco na Mensagem para a Jornada Mundial dos Refugiados e dos Migrantes 2019, conhecida nesta segunda-feira.
“Não se trata só de migrantes” é o título escolhido para o texto, no qual o Papa chama a atenção para a atitude que tantas vezes se toma face aos refugiados e que “constitui a campainha de alarme que avisa do declínio moral em que se incorre se se continuar a dar espaço à cultura do descarte”.
“As sociedades economicamente mais avançadas tendem, no seu seio, para um acentuado individualismo que, associado à mentalidade utilitarista e multiplicado pela rede mediática, gera a ‘globalização da indiferença’.
Neste cenário, os migrantes, os refugiados, os desalojados e as vítimas do tráfico de seres humanos aparecem como os sujeitos emblemáticos da exclusão, porque, além dos incómodos inerentes à sua condição, acabam muitas vezes alvo de juízos negativos que os consideram como causa dos males sociais.
Por este caminho, cada indivíduo que não enquadre nos cânones do bem-estar físico, psíquico e social fica em risco de marginalização e exclusão”, sublinha o Papa.
Mas há, nesta conjuntura, também uma oportunidade, destaca Francisco: “a presença dos migrantes e refugiados – como a das pessoas vulneráveis em geral – constitui hoje um convite a recuperar algumas dimensões essenciais da nossa existência cristã e da nossa humanidade, que correm o risco de entorpecimento num teor de vida rico de comodidades”.
E é por isso que “não se trata apenas de migrantes: trata-se também dos nossos medos”.
A Jornada Mundial dos Refugiados e dos Migrantes decorre no dia 29 de setembro.