11 jul, 2019 - 13:22 • Ana Catarina André
Ricardo Zózimo, professor de gestão na Nova SBE, e Manuela Silva, antiga presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz, são os dois portugueses convidados para integrar o grupo de preparação do encontro A Economia de Francisco.
A reunião terá lugar nas imediações de Florença, Itália, no próximo dia 24 de setembro, seis meses antes da realização do evento convocado pelo Papa para jovens economistas de todo o mundo.
“Ficaremos muito satisfeitos por poder contar convosco (…) na discussão das primeiras ideias”, lê-se no convite endereçado pelo comité organizador a 30 especialistas de todo o mundo. “O programa [para o evento de março], construído sobre três pilares da oikonomia de Francisco (os jovens, o ambiente e os pobres) é um trabalho contínuo. Estamos a pensar pôr em diálogo diferentes experiências e propostas que recebemos nas últimas semanas”, refere a mesma carta.
Como explica Ricardo Zózimo, “este grupo vai ajudar a definir o 'layout' daquela semana”.
Em maio, o Papa Francisco convocou “os jovens economistas, empresários e empresárias de todo o mundo” para um encontro em Assis, entre os dias 26 e 28 de março de 2020. O evento reunirá jovens “interessados numa economia diferente: que gera vida e não morte, que é inclusiva e não exclusiva, humana e não desumana, que cuida a criação e não a despreza”.
De acordo com a carta escrita pelo Papa, “é preciso reanimar a economia”. “Existe melhor forma de fazê-lo do que em Assis, que durante séculos foi símbolo de um humanismo de fraternidade?”, escreveu Francisco.
Segundo a página oficial, entre as presenças confirmadas estão Amartya Sen, filósofo indiano e Prémio Nobel da Economia em 1998, Muhammad Yunus, economista e banqueiro do Bangladesh e Prémio Nobel da Paz em 2006, e Jeffrey Sachs, economista e director do Earth Institute, na Universidade de Columbia, nos Estados Unidos.
A iniciativa é revolucionária, diz Ricardo Zózimo. “Mexe com a maneira de ver o mundo”, diz o professor universitário, referindo que “não será possível resolver os problemas ambientais e económicos sem envolver as organizações lucrativas”. “Nas minhas aulas procuro que os estudantes aprendam a analisar e a diagnosticar o impacto social e ambiental de cada organização.” Depois das encíclicas, em particular da Laudato Si, em que o Papa “apresenta esta nova forma de olhar para a realidade, trata-se de formar jovens nesta visão integrada”, conclui. “No fundo, o grande desafio é cortar a pobreza, oferecendo aos jovens uma vida boa sem destruir o ambiente.” Uma proposta que Manuela Silva define como “um acontecimento de extrema importância” em que o Papa “pretende convocar um pacto mundial envolvendo os jovens numa nova forma de pensar o funcionamento da economia”.