11 jul, 2019 - 14:38 • Ana Catarina André
O enfermeiro francês Vincent Lambert, que estava há 10 anos em estado vegetativo, morreu esta quinta-feira de manhã, no hospital Sébastopol de Reims, no nordeste do país. O tetraplégico, de 42 anos, tinha lesões cerebrais irreversíveis na sequência de um acidente de viação que sofreu em 2008.
Pouco depois desse acidente, o veredito médico de que não havia hipótese de recuperação daria início a um longo processo judicial: de um lado, os pais, que não queriam que o suporte básico de vida fosse desligado, esperançosos de que um dia o filho pudesse melhorar; do outro, a mulher de Lambert, cinco dos seis irmãos e o sobrinho a defenderem que Vincent Lambert não quereria continuar a viver naquelas condições.
A 2 de Julho, após uma longa batalha judicial com recursos para várias instâncias judiciais, incluindo internacionais como o Tribunal Europeu de Direitos Humanos, o hospital onde Vincent estava internado suspendeu-lhe a alimentação e a hidratação, administrando-lhe uma “sedação profunda e contínua”. O doente acabaria por sucumbir pouco mais de uma semana depois, às 8h24 desta quinta-feira.
No início da semana, os pais tinham anunciado que não iriam continuar a lutar pela vida do filho. “A morte dele foi-lhe imposta, tal como nos foi imposta a nós”, uma realidade que se tornou “inevitável”, escreveram numa carta dirigida à agência de notícias France Press.
O Vaticano, que ao longo do processo pediu “soluções eficazes” para proteger a vida de Lambert - o protocolo de fim de vida foi iniciado várias vezes -, já reagiu à notícia da sua morte, manifestando pesar pelo sucedido.
“Recebemos com dor a notícia da morte de Vincent Lambert. Rezamos para que o Senhor o acolha na sua Casa e exprimimos proximidade aos seus familiares e a quantos se empenharam em assisti-lo até ao fim, com amor e dedicação. Recordamos e reafirmamos o que disse o Santo Padre, sobre esta dolorosa questão: Deus é o único senhor da vida, desde o início até ao fim natural e é nosso dever cuidá-la sempre e não ceder à cultura do descarte.”