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D. Manuel Felício

"Somos gente esquecida. Se tivéssemos discriminação positiva ficavam todos a ganhar"

19 jul, 2019 - 12:15 • Liliana Carona

Bispo da Guarda está preocupado com o abandono a que está votado o Interior, nomeadamente a sua diocese. O prelado receia o decréscimo acentuado da população e diz que não vê nenhuma medida no terreno para contrariar a desertificação.

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Bispo da Guarda preocupado com o abandono do Interior. Entrevista da jornalista Liliana Carona
Clique na imagem para ouvir a entrevista na íntegra. Foto: Liliana Carona/RR

Todos os dias, D. Manuel Felício cumpre a rotina de visitar uma das 365 paróquias que dirige, e é do que vê no terreno que conclui que o Governo ficou mal na fotografia quando anunciou a Unidade de Missão para a Valorização do Interior.

“Em 2016, o Governo anunciou a Unidade de Missão para a Valorização do Interior, que elaborou o relatório do Programa Nacional de Coesão Territorial, com 155 medidas. Sobre essa matéria nem vale a pena falar", lamenta à Renascença.

"Este Governo fartou-se de falar em cento e quantas medidas. Eu não fazia tantas, fazia quatro ou cinco e punha-as em prática. Não fizeram uma única medida”, denuncia o prelado, que sublinha ainda: “No último Orçamento não vi lá nenhuma dessas medidas, nem nenhum efeito no nosso ambiente.”

Face a esta realidade, o Bispo da diocese da Guarda defende mesmo a discriminação positiva para as empresas do Interior.

“Se nós tivéssemos discriminação positiva, uma empresa durante dez anos não pagar IRC, ficavam todos a ganhar, animava-se o mercado", considera D. Manuel Felício. "Nós somos gente esquecida, a nossa interioridade, o envelhecimento da população não está a ser secundado por atitudes, regras e leis, que deviam contemplar-nos em benefício de todos.”

O prelado destaca o papel do IPG – Instituto Politécnico da Guarda, que “celebrou um protocolo com a Câmara e com outras entidades para estimular um estilo de vida positiva para as pessoas mais idosas. Espero que estas iniciativas também possam colocar as nossas terras no mapa, se não ficamos tristes e abandonados. Porque a Guarda é uma das capitais do distrito que no próximo Censos 2021... estou com medo dele, vai dizer-nos coisas que não queremos saber."
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