07 set, 2019 - 08:36 • Aura Miguel , com redação
O Papa Francisco está em Madagáscar, uma visita histórica a um dos países mais pobres do mundo. O programa oficial arrancou com uma visita de cortesia ao Presidente, no Palácio Presidencial, onde alertou para o excessivo desflorestamento e reforçou a ideia de é preciso olhar para os mais pobres.
Começou por elogiar a “alma” do povo que resiste “corajosa e abnegadamente, às múltiplas contrariedades e dificuldades que tem de enfrentar diariamente”. De seguida dirigiu-se aos governantes que “têm a missão de servir e proteger, especialmente os mais vulneráveis, e de promover as condições para um desenvolvimento digno e justo, envolvendo todos os atores da sociedade civil”.
Perante autoridades políticas, representantes da sociedade civil e do corpo diplomático o Papa deixou um apelo. “Encorajo-vos a lutar, vigorosa e decididamente, contra todas as formas endémicas de corrupção e especulação, que aumentam a disparidade social, e a enfrentar as situações de grande precariedade e exclusão que geram sempre condições de pobreza desumana”. Por isso, lembrou a necessidade de “estabelecer todas as mediações estruturais” que possam garantir uma melhor distribuição do rendimento e a promoção integral de todos os habitantes, especialmente dos mais pobres.
Nesta intervenção não esqueceu o ambiente e alertou para a necessidade de defender os recursos naturais do país.
“A vossa bela ilha de Madagáscar é rica de biodiversidade vegetal e animal, e esta riqueza está particularmente ameaçada pelo excessivo desflorestamento em proveito de poucos; a sua degradação compromete o futuro do país e da nossa Casa Comum”. E aproveitou para elencar uma série de riscos, como os incêndios, a caça furtiva, o corte desenfreado de madeiras preciosas, o contrabando animal e as exportações ilegais.
Para assegurar a sobrevivência das populações envolvidas afirma ser importante criar ocupações e atividades geradoras de rendimento que respeitem o meio ambiente e ajudem as pessoas a sair da pobreza. “Por outras palavras, não pode haver verdadeira abordagem ecológica nem uma ação concreta de salvaguarda do meio ambiente sem uma justiça social que garanta o direito ao destino comum dos bens da terra às gerações atuais, mas também às futuras”.
Francisco considera ser importante que a ajuda fornecida pela comunidade internacional não seja a única garantia do desenvolvimento do país: “há de ser o próprio povo que assumirá progressivamente o seu controle, tornando-se artífice do seu próprio destino. Por isso mesmo, devemos prestar uma particular atenção e respeito à sociedade civil local”.
No final da sua intervenção, o Papa evocou ainda um dos valores “fundamentais” da cultura malgaxe, o ‘fihavanana’, termo que evoca “o espírito de partilha, ajuda mútua e solidariedade” e inclui “a importância dos laços familiares, da amizade e da benevolência entre os homens e para com a natureza”.