24 set, 2019 - 07:41 • Ana Lisboa
Pelo segundo ano, a disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica faz parte dos cursos profissionais. A necessidade foi sentida pelo desenvolvimento que estes cursos têm tido no sistema educativo.
A entrada da disciplina aconteceu no ano letivo passado, mas tardiamente. É que o decreto-lei que implementou esta medida só entrou em vigor no mês de julho do ano passado.
A proposta foi feita pela Igreja ao Ministério da Educação depois de inúmeros pedidos de alunos e encarregados de educação para que a disciplina fizesse parte do currículo do ensino profissional.
Na sequência deste diálogo, “o ministério concorda e entende que será benéfico estender esta oferta aos profissionais, no sentido de dar a mesma oportunidade a todos, garantir a todos os mesmos direitos”, explica Dimas Pedrinho, membro do Departamento de Educação Moral e Religiosa Católica do Secretariado Nacional de Educação Cristã.
Como a legislação entrou em vigor já tarde, “muitos alunos e encarregados de educação não estavam devidamente informados, nem foram sensibilizados para essa matrícula, portanto, alguns não se inscreveram. Mas mesmo assim, tivemos a frequência de aproximadamente mil alunos, o que é um número simpático, porque desde logo nos dá esperança e é uma concretização daquilo que eram as expectativas dos próprios encarregados de educação. E é uma confirmação que faz sentido estar nas matrizes do ensino profissional, a matriz curricular da disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica”, acrescenta o recém-nomeado coordenador da disciplina.
Para António Cordeiro, este ano, espera-se que o número “vá crescendo à medida que a disciplina se vai afirmando” cada vez mais nos cursos profissionais.
O programa foi adaptado a esta resposta educativa tendo em conta o perfil destes estudantes, em que muitos deles seguem depois para o mercado de trabalho.
Assim, os responsáveis pela disciplina pegaram no programa dos cursos científico-humanísticos e “estruturaram com esses conteúdos módulos” para os três anos desse ciclo, com um mínimo de 81 horas.
Os conteúdos abordam várias áreas. Dimas Pedrinho dá exemplos dos temas: “da dignidade da pessoa e da vida, das preocupações ecológicas, também o mundo económico, o mundo laboral, a questão das tecnologias, ou seja, refletir a vida tal como hoje ela acontece e se organiza à luz da Doutrina Social da Igreja”.
Este programa de Educação Moral pretende contribuir para o percurso de crescimento dos jovens, ajudar “que estes jovens aprendam também a dar sentido àquilo que fazem, às suas escolhas, àquilo que vivem, àquilo que querem para a sua vida. E a disciplina ajuda um bocadinho nisto, procura dar sentido àquilo que estão a fazer”.
Tal como no resto do ensino, trata-se de uma disciplina de oferta obrigatória, mas a sua frequência é facultativa, ou seja, “quem a escolhe, escolhe sem nenhuma obrigatoriedade. O aluno frequenta porque quer e não porque é obrigado. Escolhe em liberdade, escolhe porque gosta, escolhe porque acha que faz sentido, que lhe dá um contributo interessante”, reconhece Dimas Pedrinho.