03 out, 2019 - 12:50 • Filipe d'Avillez com redação
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No próximo sábado o Papa fará cardeal o arcebispo português José Tolentino Mendonça. Portugal passará então a ter cinco cardeais.
Os cardeais são os membros do Colégio Cardinalício, um órgão consultivo do Papa, que tem como função ajudá-lo na governação da Igreja Católica.
Originalmente os membros do Colégio Cardinalício eram os clérigos de Roma e bispos de dioceses vizinhas, que escolhiam o novo bispo da cidade depois da morte ou resignação do anterior.
Atualmente são nomeados homens de várias partes do mundo, o que faz dos cardeais um retrato da Igreja Católica a nível mundial.
Uma vez que o direito canónico estipula que os cardeais devem ser clérigos, atualmente todos são homens, embora já se tenha especulado sobre a possibilidade de se nomear leigos e mulheres. A esmagadora maioria dos cardeais são bispos e os que não são devem ser ordenados bispos logo que possível. Há algumas exceções, normalmente para padres mais velhos que são nomeados e que pedem dispensa para que não tenham de ser ordenados bispos. Juntamente com D. José Tolentino será elevado a cardeal um leigo, o padre canadiano Michael Czerny, um jesuíta. Não se sabe ainda se o sacerdote pedirá uma dispensa ou se, pedindo, esta lhe será concedida pelo Papa, uma vez que tem apenas 73 anos.
Cada cardeal é inserido na respetiva ordem (episcopal, presbiteral ou diaconal), uma tradição que remonta aos tempos das primeiras comunidades cristãs de Roma, em que os cardeais eram bispos das igrejas criadas à volta da cidade (suburbicárias) ou representavam os párocos e os diáconos das igrejas locais.
Uma das principais funções do cardeal é ajudar a escolher o sucessor do Papa quando este morre ou resigna ao cargo. Quando fica sem Papa a Igreja entra em “sede vacante” e quem fica responsável pelo seu governo é o Colégio Cardinalício como um todo. Dentro de um prazo estabelecido os cardeais devem viajar para Roma e reunir-se em Conclave para eleger um novo Papa. Embora não exista qualquer regra nesse sentido, na prática o escolhido é quase sempre também um cardeal.
Atualmente apenas os cardeais que não completaram ainda 80 anos à data do início do conclave podem participar no mesmo. Estes são conhecidos como cardeais eleitores e supostamente nunca devem exceder os 120, embora na prática os Papas sejam livres de furar essa regra.
Como funciona um consistório?
O consistório para a criação de cardeais é uma cerimónia que se desenvolveu ao longo dos séculos, dando origem a um cerimonial próprio.
Hoje uma cerimónia pública, foi, durante centenas de anos, um cerimonial secreto, no qual o Papa anunciava o nome dos novos cardeais, que recebiam depois um “bilhete” com essa nomeação.
Após o Concílio Vaticano II (1962-1965), o consistório foi sendo sucessivamente simplificado até à fórmula atual, aprovada pelo Papa Bento XVI em 2012, que unificou o rito de entrega do barrete e do anel cardinalícios. O último consistório tinha sido celebrado em junho de 2018, e incluiu D. António Marto.
O barrete cardinalício distingue-se do episcopal por ser de cor encarnada, em vez de roxa, e o cardeal tem também um anel próprio que é símbolo do seu serviço especial ao Papa e à Igreja.