12 out, 2019 - 18:12 • Teresa Paula Costa
Cardeal D. António Marto afirma que a abstenção registada nas legislativas do passado domingo “põe a democracia em jogo” e pede uma reflexão profunda sobre as causas dos populismos.
O cardeal D. António Marto disse este domingo que a abstenção registada nas últimas eleições legislativas portuguesas põe a democracia em jogo.
Na conferência de imprensa que antecedeu o início da peregrinação aniversária de outubro, o bispo da diocese de Leiria-Fátima disse que “o problema da abstenção denota um défice democrático”.
“Com níveis tão elevados de abstenção,” considerou o cardeal, “a rolarem o desinteresse pela coisa pública, é a própria democracia que está em jogo”.
Em 2015 a abstenção tinha sido 44,4%, pelo que se (...)
Lembrando que “a democracia não é um dado adquirido, vai-se construindo com o contributo de todos,” o cardeal frisou que “todos os dias temos de trabalhar para a manter, diante das ameaças que nos chegam diariamente através das ondas de choque populistas”.
Por outro lado, defendeu o bispo de Leiria-Fátima, “só com democracias fortes, com cidadãos empenhados e exigentes alcançaremos o progresso”.
Sendo assim, acrescentou D. António Marto, “face à crescente onda de populismos seria bom ter presente esta necessidade e esta consciência de que votar é o exercício de um direito, mas é também uma obrigação moral, de todos os cidadãos, mas também e sobretudo, dos cristãos”.
Lamentando que a onda populista se esteja a espalhar pela Europa, o cardeal pediu “uma reflexão profunda, objetiva, científica até, sobre as situações que provocam estes populismos e também uma ação de formação e iluminação das consciências” e isso, salientou, “faz parte da missão das Igrejas, não me refiro só à Igreja Católica, mas a todas as outras”.
Para o cardeal, “também se deve ter presente a necessidade de elevação da qualidade da atividade política, para não se contentar com justificações ou slogans superficiais”, pois “é preciso responder às questões de fundo da sociedade e do país”. É que, considerou D. António Marto, “a classe política deve mostrar que tem classe”.
A classe política, disse o cardeal, “precisa de dar um salto, na atenção aos problemas, que se ponha o bem comum acima do bem particular ou partidário, que sejam fiéis às promessas que fazem, que sejam realistas nas promessas que fazem e não usarem demagogias, que sejam próximos daqueles que os elegem para conhecerem os seus problemas e que procurem dar um testemunho de honestidade e credibilidade que elimine tudo aquilo que possa produzir qualquer suspeita de corrupção”.
A peregrinação internacional aniversária decorre entre este sábado e domingo, no Santuário de Fátima, numa celebração presidida pelo arcebispo de Seul, o cardeal Andrew Yeom Soo-jung.
[notícia atualizada às 19h30]