04 nov, 2019 - 09:10 • Rosário Silva
A arquidiocese de Évora e a paróquia do Cano vão avançar com o restauro de um órgão que está, de momento, na igreja de Nossa Senhora da Graça, naquela localidade do concelho de Sousel. O objetivo é evitar a perda deste instrumento encomendado ao organeiro Pascoal Caetano Oldovino, em 1751, para o Convento do Salvador de Évora, e devolvê-lo à sua função original, já que se encontra num estado avançado de degradação.
Numa nota enviada à Renascença, o departamento de comunicação da arquidiocese lembra “a importância de cuidar da manutenção” deste órgão de tubos, mantendo-o a funcionar “com regularidade”, caso contrário, seria “um grave dano e uma grande irresponsabilidade não aproveitar a oportunidade de o recuperar.”
Com todas as mudanças que advieram da extinção das ordens religiosas em 1834, praticamente todos os bens foram incorporados na Fazenda Nacional. Uma das exceções foi, precisamente, este órgão de tubos, entregue ao arcebispado. Em 1887, o arcebispo, D. Augusto Eduardo Nunes, cedeu-o à igreja do Cano.
Colocado no coro alto da igreja, terá sido utilizado nas celebrações apenas durante algum tempo, “tendo deixado de ter manutenção, utilização e, inevitavelmente, falhando com o estabelecido no recibo de entrega, zelar pela boa conservação do mesmo órgão”, lê-se na nota de imprensa.
Recorde-se que, recentemente, foi dado início, na igreja de São Francisco, da paróquia de São Pedro de Évora, a um processo de recuperação de órgãos de conventos extintos da arquidiocese.
“Três estão ativos nesta mesma igreja de São Francisco, entre eles um órgão congénere ao existente no Cano, com a mesma data, do mesmo construtor, e do mesmo convento, que estava à guarda da Paróquia de Nossa Senhora de Machede, feitos respetivamente para o coro alto e para o coro baixo”, sublinha o departamento de comunicação.
“Neste momento, o referido órgão, na sequência do que já aconteceu com os outros exemplares, encontra-se a ser recuperado por uma equipa técnica especializada, de referência internacional, para que possa voltar a exercer a sua missão de tocar música sacra e litúrgica”, assinala a nota.
O Departamento de Bens Culturais da arquidiocese “regozija-se” com a recuperação de mais um dos órgãos de D. Pascoal Caetano Oldovino, “que marcou de modo decisivo o panorama organológico no Alentejo.”
Além disso, lembra, que “a igreja de São Francisco tem especial relação com obra do organeiro genovês que para lá construiu o primeiro órgão”, tendo participado “em diversas confrarias”, e deixando-lhe “em testamento o seu órgão pessoal.”