08 nov, 2019 - 08:10 • Rosário Silva
Luís Ferro foi distinguido com o Prémio Frei Bernardo Domingues 2019, pela obra “O Eremitério da Cartuxa de Évora. Arquitectura e vida monástica”, lançada em março.
Atribuído pelo Instituto Cultural D. António Ferreira Gomes, O.P., fundado em 1997, no Porto, o prémio destina-se a galardoar a “melhor obra de doutrina, de carácter humanista e personalista, na senda do percurso intelectual do seu Patrono”, refere o regulamento do concurso que teve como júri, um conjunto de académicos das universidades do Porto e Coimbra, bem como do Centro Regional do Porto da Universidade Católica.
No agradecimento pelo galardão, no decorrer da cerimónia, o autor destacou o facto de o longo caminho contemplativo da Cartuxa de Évora ter chegado ao fim no dia 31 de outubro.
“A partida dos monges e o encerramento do mosteiro transformam o estatuto deste livro, que, para mim, passa a ser um elogio à vida cartusiana que se extingue”, sublinhou Luís Ferro, arquiteto de profissão.
Publicado por Canto Redondo, “O Eremitério da Cartuxa de Évora. Arquitectura e vida monástica”, pretende estabelecer “um diálogo próximo com a arquitetura do mosteiro de Santa Maria da Scala Coeli”, um dos ex-libris da cidade museu.
“Queria tentar perceber como é que o isolamento e o silêncio se constituíam como uma espécie de materiais de construção espacial, para pessoas que acreditam que esse silêncio e isolamento extremos, são o melhor veículo para a comunicação com Deus”, referia à Renascença, por ocasião do lançamento do livro, o seu autor.
Luís Ferro ambicionava estabelecer uma ligação entre “o universo do sagrado”, pelo qual, sublinha, “sempre tive o maior interesse apesar de não ser religioso”, mas que era fundamental “para perceber como uma conceção de habitar extrema” se entrosava “com as ferramentas da arquitetura.”
Um contributo para expressar a ideia de mosteiro-tipo da ordem fundada por S. Bruno e que desvenda novas especificidades do Mosteiro de Santa Maria Scala Coeli – ou Cartuxa de Évora - datado de finais do século XVI e sinal da única presença, em Portugal, dos monges cartuxos.
Luís Ferro formou-se em Arquitetura pela Universidade de Évora em 2010. Em 2012 fundou o Estúdio Quimera e foi autor de diversos projetos de arquitetura localizados em Lisboa, Évora, Beja e Alvito. Fundou o grupo Cinema-fora-dos Leões, e entre 2015 e 2017 coordenou o Projeto de Investigação Lugares Sagrados: As Cubas da Kûra de Beja, subsidiado pela Fundação Calouste Gulbenkian. Atualmente é doutorando em Arquitetura na Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto e Bolseiro da Fundação para a Ciência e Tecnologia.