09 nov, 2019 - 17:27 • Paula Caeiro Varela , Filipe d'Avillez
Marcelo Rebelo de Sousa diz que enquanto católico não tem medo de ser confrontado com uma lei sobre a eutanásia, caso seja aprovada no Parlamento.
O Presidente da República participou esta tarde no Meeting Lisboa, uma iniciativa do movimento Comunhão e Libertação, que inclui palestras, exposições e concertos, e que decorre até domingo no Pavilhão Carlos Lopes.
Antes do primeiro painel da tarde, uma conversa sobre o sofrimento, o Presidente subiu ao palco e falou da sua própria experiência de fé, como cidadão católico, mas também na sua vida política.
Esta semana, por exemplo, foi confrontado sobre o que fará perante as leis já anunciadas e que poderão confrontá-lo – enquanto Chefe de Estado – com a Eutanásia. Marcelo respondeu que confia: “Telefonou-me uma jornalista esta semana a perguntar como é que me vou sentir perante estas leis. Eu respondi que me vou sentir muito bem. O problema é saber exatamente o que se defende, o que se pensa, aquilo em que se acredita, depois deixo fluir os acontecimentos.”
“Eu confesso que sou um bocadinho providencialista. Admito que se possa ser cristão sem o ser, mas eu sou. Vejo sinais quando estamos atentos em momentos cruciais da nossa vida”, disse ainda o Presidente.
Marcelo diz que a jornalista que falava com ele é também católica e que foi ele quem a sossegou. “Disse-lhe não temais! Não temas. Há de chegar uma altura em que há que tomar uma decisão, dizer uma palavra, definir uma atitude. Haverá quem defina outra, quem tenha outra palavra. É essa capacidade de fé, de esperança, que está presente em toda a nossa vida”.
O Presidente da República também destacou como experiência desta necessidade de esperança mesmo na maior adversidade, o caso do sem-abrigo que esta semana salvou um bebé, que estava num caixote do lixo: “Houve um que meteu um braço e salvou um bebé. Salvou aquele bebé que com mais umas horas, enregelado, não teria sobrevivido.”
“Eu perguntei-lhe se ele era crente, disse que sim. Perguntei-lhe se tinha verdadeiramente noção daquilo que tinha feito, disse que sim. Percebesse mais ou percebesse menos, mesmo na pior das misérias há uma réstia de esperança e de vida. Mesmo na pior das fossas, Deus dá-nos sempre forças para o pior dos sofrimentos”.
Não há Ressurreição sem sofrimento, afirmou ainda neste encontro o Presidente da República, que testemunhou a sua própria experiência enquanto voluntário junto de doentes terminais. “Não há ressurreição sem sofrimento e morte. E hoje a publicidade na televisão e nas redes sociais quere-nos vender um ser humano sem sacrifício, sem sofrimento e sem morte. Não existe, como não existe ser perfeito. Querem-nos vender isso”, criticou.
“O que existe é a Via Sacra: a Via Sacra de São João Paulo II, de cada um de vocês, que conduz à Ressurreição.”