24 nov, 2019 - 13:07 • Filipe d'Avillez
O Vaticano anunciou este domingo a criação de um grupo de 20 jovens que aconselhará o Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida em assuntos ligados à pastoral juvenil.
A criação do grupo é apresentada como a resposta a um dos apelos que ficou registado no documento final do Sínodo para os Jovens, que se realizou em outubro de 2018.
Os 20 jovens são de outros tantos países, dos cinco continentes, e um deles é português. Tomás Virtuoso, de Lisboa, representa as Equipas de Jovens de Nossa Senhora (EJNS), um movimento internacional presente em vários países do mundo, mas que tem em Portugal o maior número e membros.
Contactado pela Renascença, Tomás Virtuoso mostra-se ciente do risco de este ser apenas mais um organismo, mas acredita que há vontade sincera do Vaticano de escutar os jovens. “Este organismo não vem do nada, vem no seguimento de um processo longo e muito maturado de envolvimento dos jovens, de os trazer para o centro da discussão e de os por a pensar a Igreja não como entidades passivas que usam a Igreja como um supermercado onde consomem sacramentos, mas de fazerem parte da Igreja e de estarem no centro da sua vida.”
“Eu só tenho de acreditar que este organismo vai ser o que também foi este processo sinodal, que foi um processo honesto e verdadeiro de ouvir o que os jovens têm para dizer, e os obrigar a contrapor a sua visão com a de outras pessoas do mundo, pessoas de outras idades e sensibilidades.”
Consultor na área das políticas públicas, o jovem de 26 anos também vai participar no evento “A Economia de Francisco”, que antecede este encontro. Ri-se ao explicar que teve de pedir às chefes para ir vários dias para Roma, mas diz que foi bem aceite. “Pode ser uma boa oportunidade de dar esta noção de que os católicos podem ter uma presença ativa na sociedade e sobretudo que as empresas, não sendo católicas, sintam-se bem com o facto de os seus colaboradores lutarem pelas causas em que acreditam e naquilo que lhes transforma a vida. Para qualquer entidade empregadora que queira os seus colaboradores felizes e a levar a vida a sério tem de ser bom”, diz.
Este grupo de jovens tem o seu primeiro encontro marcado para abril de 2020, em Roma. Todos estiveram de alguma forma envolvidos no processo sinodal. Segundo o site do Dicastério, “o grupo desempenhará um importante papel consultivo e proativo, colaborando com o Dicastério para aprofundar questões relacionadas à pastoral juvenil e outras questões de interesse mais geral”.
Embora o Vaticano tenha deixado claro que os jovens participantes não estão em representação dos seus países ou movimentos, pois seria impossível incluir todos, Tomás Virtuoso não deixa de sublinhar o seu percurso até aqui. “Eu não deixo de me sentir profundamente orgulhoso de ser português, de ser da Igreja portuguesa e mais especificamente do Patriarcado de Lisboa e da paróquia de Carcavelos e de ter aí crescido na fé. Mas também fico muito orgulhoso de ser das EJNS e de ter sido nas EJNS que aprendi a amar e a servir a Igreja. Não tenho dúvidas de que se as EJNS não me tivessem proporcionado o que proporcionaram, muito provavelmente eu não estaria aqui e esta graça não teria aparecido na minha vida.”
Tomás Virtuoso será um de dois lusófonos no grupo, a par de Lucas Ricardo Marçal Ramos, do Brasil, que pertence ao movimento “Fazenda da Esperança”.
Entre os outros países representados inclui-se o Japão, o Uganda, a Índia e o Líbano.