16 jan, 2020 - 14:19 • Lusa
As entidades turísticas do Norte de Portugal e da Galiza (Espanha) apresentaram esta quinta-feira, no Porto, o “Facendo Caminho”, um projeto de promoção conjunta dos Caminhos de Santiago nas duas regiões, com um investimento de cerca de 657 mil euros.
Os Caminhos de Santiago são uma rota milenar seguida por milhões de peregrinos desde o início do século IX, altura em que foi descoberto o sepulcro do apóstolo Santiago em Santiago de Compostela, na Galiza (Norte de Espanha). Desde essa altura, milhares de pessoas de todo o mundo percorrem os caminhos que conduzem à catedral para venerar as relíquias do santo.
"Consolidar os itinerários do Caminho de Santiago na eurorregião Galiza-Norte de Portugal", "impulsionar a sustentabilidade daquele recurso patrimonial e natural transfronteiriço" e "contribuir para proteger e valorizar os recursos culturais" são alguns dos objetivos do "Facendo Caminho" enumerados pelo presidente da Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP), Luís Pedro Martins, na conferência de imprensa de hoje.
O projeto é financiado pelo programa INTERREG VA Espanha-Portugal (POCTEP), com uma dotação de 657.499 mil euros.
A diretora do Turismo da Galiza, Nava Castro, que também esteve no Porto para participar na apresentação, acredita que vai haver um antes e um depois após a aplicação do projeto e que a iniciativa transfronteiriça vai ajudar Espanha e Portugal a serem uma "potência turística".
"Queremos que este projeto ajude a aprofundar os vínculos que já existem entre as duas regiões para gerar oportunidades de emprego em municípios que às vezes só têm 800 ou mil habitantes", declarou, recordando que dois caminhos portugueses – o Caminho Português da Costa e o Caminho Português do Interior – são o segundo e terceiro mais utilizados pelos peregrinos para chegar até ao túmulo do apóstolo Santiago, depois do Caminho Francês.
Nava Castro referiu ainda que o "Facendo Caminho" vai permitir à Galiza preparar-se melhor para o Ano Santo (Ano Jacobeu) que se assinala em 2021, com a abertura da Porta Santa (cerimónia oficial de arranque) já em 2020.
Melhorar as condições para a gestão conjunta e de afluência turística aos Caminhos de Santiago, promover a participação da comunidade local na conservação e proteção dos percursos e incrementar a melhoria do conhecimento sobre os caminhos são outros objetivos do projeto.
O "Facendo Caminho" prevê a criação de um 'software' de produção da cartografia, guias de boas práticas da gestão dos Caminhos de Santiago, e ações de promoção e de comunicação.
A iniciativa conta com a parceria da Direção Regional da Cultural do Norte (DGCN) e, segundo o seu diretor, António Ponte, o acordo é encarado como uma forma de divulgar "a cultura e o património cultural dos caminhos e das pessoas".
"Este projeto vem também apoiar de forma prática o decreto-lei 51/2019, que vem certificar os Caminhos de Santiago, criando um conjunto de instrumentos científicos para reforçar o decreto", declarou, esperando que "Portugal esteja em 2021 muito mais apto a receber os peregrinos".
Naquele decreto-lei, de 17 de abril, pode ler-se que os Caminhos de Santiago "nasceram como caminhos de fé, mas tornaram-se vias que facilitaram o intercâmbio cultural".
Por eles passaram, ao longo dos séculos, incontáveis peregrinos de todos os países da Europa, contribuindo substancialmente para o intercâmbio de pessoas, ideias e bens, acrescenta o documento.
Segundo Nava Castro, chegam a Santiago de Compostela, na Galiza, "180 nacionalidades distintas".
O projeto vai decorrer até dezembro de 2021 e tem como parceiros a TPNP (beneficiário principal), a DRCN, o Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial Galiza/Norte de Portugal e a Turismo da Galiza.