31 jan, 2020 - 14:28 • Ecclesia
O bispo chinês Vincenzo Guo Xijin, auxiliar de Mindong, na China, foi obrigado a sair de casa depois de as autoridades chinesas terem cortado a água e a luz na sua residência.
“Guo Xijin foi desalojado recentemente da residência onde vivia, juntamente com alguns sacerdotes, depois de as autoridades terem cortado a água e a eletricidade, invocando ‘razões de segurança’. Um letreiro colocado no edifício explica que este não cumpre com as normas de segurança relativas a incêndios e por isso teve de ser encerrado”, indica um comunicado da fundação Ajuda à Igreja que Sofre.
De acordo com a agência de notícias Asia News este episódio enquadra-se num “gesto de pressão e raiva” contra o bispo e os sacerdotes que, tal como ele, se negam a aderir à associação patriótica, controlada pelo governo: em junho Vincenzo Guo Xijin afirmou preferir a “perseguição” a aderir à Associação Patriótica.
Apesar da assinatura em 2018 de um acordo entre o Vaticano e o Governo chinês, sobre o reconhecimento e escolha de novos bispos, Pequim continua a pressionar alguns bispos a aderir à chamada Associação Patriótica, que pretende regular e supervisionar as atividades da Igreja Católica na China, em conformidade com as orientações do Partido Comunista no Governo.
Na assinatura do referido acordo, o Vaticano colocou Guo Xijin como bispo-auxiliar de Vincenzo Zhan Silu, que era o prelado indicado pelo governo de Pequim para a diocese de Mindong, retirando a este a situação de excomunhão em que se encontrava”, avança a AIS.
Guo Xijin manifestou-se sempre fiel ao Papa e “tem-se recusado a aderir à estrutura da Igreja organizada pelo Partido Comunista e que depende exclusivamente das autoridades de Pequim”.
A Asia News avança que tal como o bispo auxiliar recusou a sua adesão à Associação Patriótica, “muitos padres” têm seguido o mesmo caminho e, “nos últimos dias, pelo menos cinco paróquias foram fechadas”, invocando-se também imperativos de segurança, deixando assim cerca de 10 mil fieis em Fuan e três mil em Saiqi sem paróquia.
A organização internacional Human Right Watch acusou num relatório do início do ano, o regime de Pequim de “vigilância tecnológica” com o objetivo de “silenciar críticos”, falando ainda de “repressão dos muçulmanos uigures”, povo de origem turcomana, e uma das 56 etnias oficialmente reconhecidas pela República Popular da China.
“Calcula-se que as autoridades chinesas tenham sob detenção, nos chamados campos de reeducação, cerca de um milhão de membros desta minoria muçulmana na província de Xianjiang. Pequim tem justificado estas medidas extremas de opressão étnica e religiosa com a necessidade de combater o terrorismo”, indica ainda o comunicado da AIS.