04 fev, 2020 - 14:27 • Liliana Monteiro
Cerca de uma centena de pessoas reúne-se a próxima sexta e sábado em Fátima para refletir sobre o mundo penitenciário e o papel que a sociedade deve ter na ajuda aos reclusos.
O XV Encontro Nacional da Pastoral Penitenciária tem este ano como tema “Prisões e Janelas com Horizonte”. Um tema escolhido em linha com o pensamento, e a ação, do Papa Francisco em relação às pessoas privadas de liberdade. Ele que no passado dia 8 de novembro, em Roma, num encontro com representantes da pastoral penitenciária de todo o mundo sublinhou a necessidade de criar “janelas com horizonte” nas prisões.
O padre João Gonçalves, Coordenador Nacional da Pastoral Penitenciária, afirma que espera que estes dois dias de reflexão e partilha sirvam não só para “as pessoas deste encontro, mas para que todas as pessoas da sociedade possam perceber que quando falamos de reinserção social, numa sociedade melhor ou na recuperação de pessoas que cometeram ilícitos isso é um trabalho de toda a gente. Não podemos atirar estas responsabilidades para as instituições públicas ou governamentais”, sublinhando que se deve refletir “como podemos ser no futuro para que os horizontes não se fechem”.
Lamenta que as paróquias estejam, na sua maioria, a passar ao lado dos presos da sua comunidade e respetivas famílias. “As nossas comunidades paroquiais não estão, infelizmente, muito preocupadas ou organizadas para acolher os presos. O Papa diz que infelizmente há muitas comunidades que não têm a pastoral penitenciária organizada”.
O encontro conta este ano com uma boa noticia. O padre João Gonçalves lembra que o número de presos tem diminuído e que são cada vez mais os que ficam a cumprir pena com pulseira eletrónica em casa. Uma mudança de paradigma que, no entanto, precisa de uma sociedade mais atenta na reabilitação destas pessoas.
“Falávamos de mais de 14 mil presos em Portugal, agora são 12 mil e tal. Deve-se a alguns esforços, como a implementação maior de multas em vez de cadeia, mais trabalho comunitário e a vigilância eletrónica. Temos alguns milhares de pessoas em casal, mas que estão presas. É preciso que as comunidades estejam atentas e percebam que estas pessoas precisam de um acompanhamento regular e próximo da sociedade. As paróquias têm de saber se há pessoas com vigilância eletrónica em casa para que os ajudem”, constata o Coordenador da Pastoral Penitenciária.