14 fev, 2020 - 18:59 • Filipe d'Avillez
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São poucos os bispos portugueses que não tomaram posições pessoais contra a legalização da eutanásia. Alguns, como D. Nuno Brás, do Funchal, não têm feito declarações, mas usam as suas contas nas redes sociais para partilhar artigos que alertam para os perigos desta medida, que vai a votos na Assembleia da República no dia 20 de fevereiro.
A Renascença apresenta-lhe um apanhado de algumas das principais afirmações dos bispos portugueses sobre a eutanásia, de norte a sul.
"Queridos profissionais da saúde: qualquer intervenção de diagnóstico, de prevenção, de terapêutica, de investigação, de tratamento e de reabilitação há de ter por objetivo a pessoa doente, onde o substantivo ‘pessoa’ venha sempre antes do adjetivo ‘doente’. Por isso, a vossa ação tenha em vista constantemente a dignidade e a vida da pessoa, sem qualquer cedência a atos como a eutanásia, o suicídio assistido ou a supressão da vida, mesmo se o estado da doença for irreversível."
Conferência Episcopal Portuguesa
"Os nossos deputados parece que querem aprovar isto sem
ninguém se aperceber."
D. Manuel Quintas, bispo do Algarve
"Como no aborto, também a eutanásia é o sintoma de uma
sociedade doente, que olha para o futuro sem esperança, que envolta no seu
egoísmo e na sua indiferença, prefere matar do que cuidar da vida humana e
esforçar-se por eliminar as causas que levam as pessoas a desesperarem e a
entrarem por soluções que à partida não desejavam e que são irreversíveis."
D. João Lavrador, bispo de Angra
"A nossa sociedade, mais do que preocupar-se com
legislação deste teor, devia antes preocupar-se com o alargamento da rede de
cuidados continuados e paliativos a nível nacional."
D. António Moiteiro, bispo de Aveiro
"A eutanásia e o suicídio não representam um exercício de liberdade, mas a supressão da própria raiz da liberdade."
D. Nuno Almeida, bispo auxiliar de Braga
"Nós somos servidores da vida, não somos donos. Cabe-nos
acolhê-la como dom, e o mais belo da própria vida, o cuidar até ao fim do fim e
não cedermos a qualquer tentação. E hoje que temos tantos meios técnicos,
científicos que a inteligência humana consegue atingir, devem ser todos eles
postos ao serviço da pessoa humana e a pessoa sempre acima de todo e qualquer
interesse que possa estar subjacente nesta cultura que nos toca a nós viver.
Devemos ser todos servidores desta cultura da vida e dizer não a toda a cultura
de morte."
D. José Cordeiro, bispo de Bragança
A vida é um valor absoluto que não pode ficar à mercê da
decisão subjetiva de ninguém. A vida vale por si, mais, a vida têm uma dimensão
tal, que vale a própria vida. Na nossa expressão cristã, dar a vida pela vida,
é algo de maravilhoso e de belo. Sabemos que o Mestre que nós seguimos como
senhor, Jesus Cristo, deu a vida, ofereceu a vida para que tenhamos mais vida.
D. Francisco Senra Coelho, arcebispo de Évora
Esta ânsia de aprovar e aviar a eutanásia é a prova da
derrota da sociedade verdadeiramente humana e humanista
Não poderemos consentir que as pessoas possam vir a ser tratadas como matéria descartável
D. Manuel Felício, bispo da Guarda
"Trata-se de eliminar a pessoa para eliminar o sofrimento. Há outros meios mais dignos e mais justos para responder a este problema."
D. António Marto, bispo de Leiria-Fátima
"Quando uma sociedade entra por esses caminhos, como infelizmente já se verifica nalgumas que já foram por aí, dizendo, ao princípio, que era só situações extraordinárias e especiais e depois essa mentalidade suicida alarga-se a toda a sociedade, que se torna ela própria suicidária também. Nós queremos exatamente o contrário, queremos uma sociedade que acompanhe, uma sociedade paliativa."
D. Manuel Clemente, patriarca de Lisboa
"Mesmo que a totalidade da população aprovasse uma técnica de morte, esta seria sempre deplorável. Mas mais deplorável seria se 150 ou 200 pessoas impusessem os seus critérios a largos milhões de cidadãos."
A eutanásia é um sintoma de um certo comodismo que se vai apoderando da nossa sociedade e contra o qual nós devemos lutar
"Não é a melhor solução. Esta é uma medida que facilita eufemisticamente a morte, a morte sem dor, enfim, mas, do ponto de vista humano, de densidade humana, é uma grande perda para a humanidade, no fundo. É esse lamento que eu faço. É uma solução que algumas sociedades ditas avançadas estão a encontrar, mas é uma solução errada face a um problema real."
D. António Augusto Azevedo, bispo de Vila Real
Levante-se o povo, proclamem os governantes a prudência da razão, digamos sim à vida e não a uma cultura de morte. Não à eutanásia, ao suicídio assistido e a outras formas de antecipar a morte das pessoas, porque estas nasceram para viverem e serem felizes