21 fev, 2020 - 00:18 • Ecclesia
A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) acompanhou a aprovação dos projetos de lei sobre a despenalização da eutanásia com “enorme tristeza” e apoia todas as iniciativas que atuem na “defesa da vida”.
“É com enorme tristeza que assistimos à decisão da Assembleia da República ao aprovar, em votação na generalidade, cinco projetos de despenalização da eutanásia”, refere um comunicado do secretário e porta-voz da CEP.
O padre Manuel Barbosa recorda a posição do Conselho Permanente de 11 de fevereiro, onde assume a necessidade de defesa da vida “em profunda sintonia com o Papa Francisco”, que desafia os profissionais da saúde a “terem em vista constantemente a dignidade e a vida da pessoa, sem qualquer cedência a atos como a eutanásia, o suicídio assistido ou a supressão da vida, mesmo se o estado da doença for irreversível”.
“A Conferência Episcopal acompanha e apoia todas as iniciativas que continuarão a decorrer pela defesa da vida e contra a eutanásia”, refere o comunicado.
O porta-voz da CEP recorda as declarações do cardeal patriarca de Lisboa e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa desta tarde, no contexto do debate parlamentar, que sublinha a necessidade da vida ser “devidamente contemplada em todo o arco existencial”.
“Aquilo que importa enquanto Igreja, e importa a muitas outras forças da sociedade civil, a maior parte delas nem são propriamente presenças religiosas, são profissionais e de outras áreas, e até inter-religiosas, é que a vida seja devidamente contemplada em todo o arco existencial, independentemente do que possa acontecer legislativamente”, disse D. Manuel Clemente.
Para o cardeal patriarca de Lisboa, afirmar a vida “no seu todo” é “uma insistência” e uma convicção que “permanece independentemente do que possa acontecer legislativamente”, que implica todos “como sociedade, crentes e não crentes”, disse esta tarde aos jornalistas.
“Não basta dizer, como dizemos e insistimos porque estamos convictos disso, que vida tem de ser contemplada no seu todo. Porque se começamos a fazer exceções, mesmo que sejam a pedido, a vida não se aguenta na sua inteireza”, sublinhou, realçando que como sociedade é preciso estar “mais presentes”.
O cardeal patriarca de Lisboa reafirmou o apelo que tem feito aos políticos de que “esta é uma frente comum, é uma frente humana, essencial” e não se pode “deixar ninguém sozinho ao longo da sua vida”, sobretudo quando mais precisa.
“Dizem-nos as pessoas, os clínicos, os voluntários que estão perto das pessoas que sofrem e que as acompanham que, em geral, não querem partir porque se sentem acompanhadas. A convivência é que é a vida”, acrescentou no Hospital D. Estefânia, onde presidiu à Missa que assinalou os 100 anos da morte de Santa Jacinta, pastorinha de Fátima, que faleceu nesta unidade de saúde pediátrica a 20 de fevereiro de 1920.
Reagindo também à aprovação pelos deputados dos cinco projetos de lei – BE, PS, PAN, PEV e Iniciativa Liberal – que visam a legalização da eutanásia em Portugal e depois de conhecidos os resultados, o arcebispo de Braga escreveu na sua conta na rede social Twitter que sente uma “tristeza de morte”.
“Vamos continuar o caminho. Aos que estiveram junto à Assembleia a manifestarem-se quero expressar a minha gratidão como cidadão. De modo particular aos mais jovens. Hoje, de frente para o Parlamento, vi um futuro luminoso para #Portugal”, acrescentou D. Jorge Ortiga, num segundo tweet.