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Vítimas do coronavírus são “imagens de Cristo que sofre” nesta Quaresma

11 mar, 2020 - 13:28 • Filipe d'Avillez

Numa nota publicada pelo dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral, o Vaticano pede aos Governos que não esqueçam a justiça social, numa altura de crise económica causada pelo Covid-19.

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A Santa Sé convida os católicos a verem nas vítimas do novo coronavírus “imagens de Cristo que sofre”, nesta altura da Quaresma.

Num documento publicado esta quarta-feira pelo Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral, chefiado pelo cardeal Peter Turkson, pede-se ainda aos governos que dêem prioridade às medidas de justiça social, numa altura de crise económica, causada pelo Covid-19.

“O abraço do Jesus sofredor, diz-nos o Papa Francisco, transforma-se no abraço de todos os que sofrem no nosso mundo, incluindo todos os que são afetados pelo Covid-19”, escreve o cardeal.

“Esses são a imagem de Cristo que sofre, e tal como a vítima na parábola do Bom Samaritano, precisam da humanidade dos gestos concretos de proximidade”.

Segundo o Vaticano, porém, há mais referências pascais nesta epidemia. “Pensemos no vizinho de casa, no colega do trabalho, no amigo da escola, mas sobretudo nos médicos e os enfermeiros que arriscam a contaminação e infeção para salvar os contagiados. Estas pessoas vivem e indicam-nos a nós o sentido do mistério da Páscoa: doação e serviço”.

O cardeal Turkson começa a nota a apontar que “estamos a viver dias de forte preocupação e crescente inquietação, dias em que a fragilidade humana e a vulnerabilidade da alegada segurança na tecnologia estão a ser minadas a nível mundial por causa do coronavírus, dianto do qual se estão a vergar todas as atividades mais significativas, como a economia, o empreendedorismo, o trabalho, as viagens, o turismo, o desporto e até o culto, e o contágio limita seriamente, até a liberdade de espaço e de movimento”.

Mas de seguida o responsável católico sugere que esta pode ser uma oportunidade para aprofundar a “solidariedade e a vizinhança entre os estados, a amizade entre as pessoas. Este é o tempo de promover a solidariedade internacional na partilha dos instrumentos e dos recursos”.

A epidemia está, segundo o cardeal, a revelar também as desigualdades que existem entre pessoas e países. “Como em qualquer situação de emergência, a incidência deste vírus evidencia as graves desigualdades que caracterizam o nosso sistema socioeconómico. São desigualdades de recursos económicos, de aproveitamento de serviços sanitários, bem como de pessoal qualificado e de pesquisa científica.”

“Diante deste leque de desigualdades, a família humana é interpelada a sentir-se e viver realmente como uma família interligada e interdependente”, diz, como comprova o facto de a doença se ter espalhado a partir de um único país para todo o mundo.

O cardeal Turkson termina a sua nota com um apelo à solidariedade por parte das autoridades políticas e económicas.

“Pedimos que não esqueçam a justiça social e o apoio à economia e à pesquisa, numa altura em que o vírus está, infelizmente, a provocar uma nova ‘crise económica’. Continuaremos a apoiar, de todas as formas, os esforços do pessoal de saúde e das estruturas médicas nas diferentes partes do mundo, sobretudo nos mais remotos e difíceis, confiando ainda na solidariedade ativa de todos nós”.

O Vaticano já procurou dar o exemplo, a este respeito, tendo anunciado esta semana que ia baixar as rendas aos comerciantes que arrendam espaços à Santa Sé, em Roma, ajudando-os assim a suportar a perda de negócio por causa desta crise.

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