14 mar, 2020 - 22:35 • Olímpia Mairos
A paróquia de São Bento, na Unidade Pastoral São Bento, em Mirandela, está a formar o “Grupo da Fraternidade”, constituído por voluntários, na sua maioria jovens, com o objetivo de apoiar “aqueles que estão a ficar abandonados” devido à propagação da Covid-19.
“Pretendemos ser uma família próxima, assumindo o nosso caráter batismal, derrubando este muro que se apresenta avassalador e dominante, e criando um movimento que confirme a mentalidade da fortaleza com os outros, diríamos, da verdadeira fraternidade”, explica o padre Tiago Alves.
O sacerdote refere que “as informações que chegam à maioria das comunidades, pela televisão, são negativas, tendencialmente a apontar quantos casos de morte, e bem menos quantos os que estão já curados, e o trabalho médico que está em ação, criando nelas ainda um maior isolamento, um maior sentimento de fraqueza, um sentir-se que ‘é desta vez vou embora’ e ‘não tenho aqui ninguém´”. E nesse sentido, o grupo quer “ser para todos, nos caminhos da esperança”.
O grupo propõe-se “informar mais e melhor a delicada situação que estamos a atravessar, sem criar um ambiente de era da morte, mas sim de aurora que, infelizmente, despontou na sua condição mais frágil, não impossível de ultrapassar”.
“Queremos, em tudo, ser o rosto visível de Cristo que vai ao encontro dos outros e da sua doença, encantado pela possibilidade da sua conversão e recuperação”, realça o sacerdote.
O grupo de cristãos, tendencialmente jovem, que abraçou este projeto, disponibiliza o seu tempo e o seu automóvel para “não deixar ninguém para trás, abandonados em suas casas, esquecidos, muitas vezes confrontados com o medo e sem condições para se deslocarem”.
O serviço passa pela disponibilidade em “assistir gratuitamente as pessoas que precisam de medicação e não podem estar tempo indeterminado nas filas das farmácias”, colaborar na deslocação “gratuita” de quem deseja, “com regra e determinando horários, adquirir alimentos e, por motivos de velhice ou doença, estão sem forma de o fazer”.
“Tudo isto se procura fazer com as máximas responsabilidades, sem contrair nem infetar uns aos outros, nas devidas distâncias, e já orientados por pessoas da área da medicina”, assegura o padre Tiago Alves.
À Renascença, o sacerdote indica que o “elo será sempre e só o padre Tiago, pároco das nossas comunidades. Mais ninguém”.
“Estamos uns com os outros, fazendo das mãos o coração”, conclui o sacerdote.