15 mar, 2020 - 07:59 • Eunice Lourenço
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Este é o primeiro domingo desde que foram suspensas as missas públicas, como medida de evitar o contágio do coronavírus. A Renscença preparou um guia para melhor compreender o que pode e não pode fazer e quais as alternativas.
Porque é que não há missas?
Há missas, não podem é ter a participação do povo. Na sexta-feira, em consonância com as medidas tomadas pelo Governo e com as indicações das autoridades de saúde, a Conferencia Episcopal Portuguesa (CEP) determinou “que os sacerdotes suspendam a celebração comunitária da Santa Missa até ser superada a atual situação de emergência”. Ou seja, os bispos decidiram que não devem ser celebradas missas com presença de fieis, como medida de contenção do coronavírus.
Então pode haver missa?
Sim, os padres podem e devem celebrar missa diária. O que é pedido aos fieis é que unam a sua oração à dos seus sacerdotes. A nota da CEP que determina a suspensão das celebrações comunitárias, também diz que essa medida deve ser complementada com as possíveis ofertas celebrativas na televisão, rádio e internet. A Renascença, a Antena 1, a TVI e a RTP continuam a transmitir uma missa dominical e a Renascença passa também a transmitir uma missa diária. Algumas paróquias estão também a transmitir uma missa diária nas redes sociais. Saiba aqui como pode assistir à missa sem sair de casa.
E essas missas podem ter intenções?
Sim, podem. Os fiéis podem pedir que se reze de modo especial pelas suas intenções na missa, não é preciso que estejam na celebração para que a sua intenção seja apresentada e o sacerdote aplique a celebração do sacrifício eucarístico pela intenção que lhe foi pedida.
O que é que o povo de Deus deve fazer?
Deve procurar acompanhar a transmissão de uma missa e, não sendo possível comungar de forma física, fazer comunhão espiritual. Se não for possível acompanhar uma transmissão, cada fiel deve dedicar à oração o tempo que teria dedicado à missa. A nota da CEP também pede: “Permaneçamos em oração pessoal e familiar, biblicamente alimentada, confiados na graça divina e na boa vontade de todos.” Várias paroquias e departamento de catequese estão a divulgar propostas nesse sentido e o secretariado de liturgia está a publicar propostas de reflexão e oração pessoal ou em familiar para cada domingo da Quaresma.
O que é a comunhão espiritual?
É, basicamente, o desejo de estar unido a Cristo, o desejo de maior união e intimidade com Deus. É o caminho para as pessoas que, por razões de saúde ou de irregularidade perante a Igreja, não podem receber o Corpo de Cristo sacramentalmente na Missa. Nestes dias de suspensão das missas comunitária será também a forma privilegiada de comunhão. Pode concretizar-se num momento de oração mais intensa enquanto se segue uma transmissão da eucaristia ou em qualquer outro momento do dia.
Que outras atividades pastorais também estão suspensas?
O que a nota da CEP diz é que “ devem seguir-se as indicações diocesanas referentes a outros sacramentos e atos de culto, bem como à suspensão de catequeses e reuniões”. Ou seja, a regra geral é de suspensão de todas as atividades pastorais que impliquem deslocações e contato social.
O que acontece com os casamentos e batizados marcados para estes dias?
A recomendação é que, se possível, sejam adiados. “Naqueles que não se podem adiar, é seguir as normas das autoridades de saúde”, explica o padre João Sobreiro. Ou seja, admitir apenas a presença na igreja só dos pais e padrinhos (nos batizados) ou só os noivos e as testemunhas e o pequeno núcleo familiar.
E quais são as indicações sobre os funerais?
Não se podem adiar, como é obvio. Recomenda-se que, se estiver bom tempo, a celebração da palavra seja feita no cemitério e só com os familiares mais próximos. Se houver velório que se cumpram também essas regras: um pequeno grupo de pessoas mais chegadas ao defunto que possa rezar na casa mortuária ou na capela.
Com as celebrações penitenciais suspensas, que resposta pode dar um padre a quem o procure para se confessar?
“Não posso negar sacramento nenhum a ninguém. Pedir um sacramento é algo muito sério e vem sempre de alguém que está a fazer experiencia de Deus na sua vida e um sacramento é um sinal eficaz da presença de Deus. Por isso, nunca poderia negar um sacramento”, responde o padre João Sobreiro à Renascença. Sendo assim, o fiel deve confessar-se, cumprindo as devidas distâncias indicadas pelas autoridades de saúde, e receber o sacramento da reconciliação. O mesmo se aplica para a unção dos doentes.