24 mar, 2020 - 17:59 • Redação
Os tempos são difíceis, devido à pandemia de coronavírus, mas têm revelado exemplos da “humanidade no seu melhor”, afirma o cardeal Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, numa carta aos diocesanos por ocasião Quaresma.
“Recebo muitas mensagens que dão conta de como pessoas e famílias vão vivendo e do muito que se vai fazendo, na vida pública e particular, para responder aos graves problemas de saúde, equilíbrio humano e sustento básico que se põem e continuarão a pôr. É muito o que se tem feito, das instâncias oficiais e sanitárias à solidariedade interpessoal e de vizinhança. Chegam-me notícias que confirmam a humanidade no seu melhor, como se demonstra no concreto do quotidiano de muitos, por vezes no limite das suas possibilidades”, assinala o cardeal.
D. Manuel Clemente destaca os esforços da Igreja, em todas as suas ramificações, para estar ao lado da população nesta altura de crise e receios devido ao coronavírus.
“No âmbito eclesial, são igualmente muitas as ações em curso, de paróquias, institutos religiosos e seculares e instituições socio-caritativas, para minorar e ultrapassar as dificuldades que surgem e a falta de meios, pessoais e materiais, para prosseguirem a sua ação”, sublinha.
Numa altura em que os casos de Covid-19 continuam a aumentar em Portugal, a Cáritas Diocesana procura igualmente uma “resposta coordenada com outras instâncias, para não dispersar as possibilidades que existam ou se reforcem”.
O cardeal patriarca afirma que, por tudo isto, “passa algo muito maior do que nós e nos impulsiona, como a muitas outras pessoas de boa vontade”. “Refiro-me à ação divina, que, contando connosco, nos precede e ultrapassa em tudo o que seja bom e útil para todos”, diz.
“A fé bíblica apresenta-se assim, como a certeza de um “Deus connosco” que abre sempre caminho e neste nos apoia. Em Jesus Cristo, a confiança no Pai é toda a sua força, fazendo das impossibilidades imediatas outras tantas ocasiões de vida e vida em abundância”, refere D. Manuel Clemente nesta carta aos dioceseanos.
O patriarca lembra o episódio bíblico da cura de um jovem doente, "quando Jesus fez o que os discípulos não conseguiam. O pai do jovem pediu-lhe a cura do filho e Jesus disse-lhe que tudo é possível a quem crê", destacando a importância da oração em família, numa altura em que não é possível realizar missas nas igrejas devido à pandemia de coronavírus.
"Para nós sacerdotes, tão limitados nos contactos habituais, mas não na preocupação pelo bem de todos. Para os nossos colaboradores – diáconos, consagrados e leigos – este trecho evangélico garante-nos que a oração forte e permanente como que abre a Deus a possibilidade de atuar neste mundo e reforça a ação de quem se dedica ao bem dos outros."
D. Manuel Clemente recupera as palavras do Papa, em que Francisco defende que "a oração em família é um meio privilegiado para exprimir e reforçar esta fé pascal".
"Estas indicações papais ganham hoje uma conveniência acrescida,
nos diversos âmbitos eclesiais, da “família doméstica” à “família de
Deus”, que é a Igreja toda, acompanhada pelos seus pastores. Assim
acontecerá amanhã, dia 25, Solenidade da Anunciação do Senhor, quando às
11 horas de Portugal (meio dia em Roma), rezarmos ecumenicamente com o
Papa um convicto Pai Nosso; e depois seguirmos a partir de Fátima às
18h30, com o seu Bispo, unido aos Bispos de Portugal, de Espanha e de
outras dioceses estrangeiras, a recitação do Rosário e a consagração aos
Corações de Jesus e Maria", indica o cardeal.
"Caríssimos irmãos sacerdotes, diáconos, consagrados e fiéis leigos: Família a família, comunidade a comunidade, persistamos em oração. Fisicamente resguardados e no cumprimento estrito das indicações sanitárias, alarguemos em Deus a solidariedade com todos. Muitos concidadãos nossos, que estão na primeira linha dos cuidados de saúde e do serviço público, social ou particular, contam com a nossa oração, que lhes garantirá a força para o que vão fazendo, com tanta generosidade e mérito", conclui D. Manuel Clemente.