25 mar, 2020 - 14:38 • Eunice Lourenço
Foi um “puxão de orelhas” assumido. D. Américo Aguiar, bispo auxiliar de Lisboa, apelou nesta quarta-feira que todos os portugueses sejam conscientes e não se desloquem como se estivessem de férias.
“Não vamos para nenhum sítio fazer férias. Não podemos arriscar contagiar os outros e a nós próprios”, disse D. Américo, na homilia da missa que celebrou na capela da Renascença.
O bispo referiu-se em concreto a relatos que lhe têm chegado de várias zonas mais rurais do país, para onde estão a ir pessoas das cidades.
“Comportam-se como se fosse no verão. Isso não é ser consciente do que se está a fazer”, advertiu.
Na sua homilia, D. Américo começou por fazer referência às leituras do dia em que a Igreja celebra a Anunciação a Maria. E, pegando no que o anjo diz a Maria (“Não temas”), disse que os cristãos não devem ter medo da vinda de Deus ao seu encontro.
“Não estamos sozinhos; nós estamos com Ele, Ele vive no nosso coração”, afirmou D. Américo, dando uma palavra especial para que os que vivem sozinhos e já estão habituados a viver assim, pedindo que “redobrassem a certeza de que não estão sozinhos”.
“Quando nos começarmos a queixar da falta de paciência e do stress desta ‘prisão domiciliária’, lembremo-nos de tantos irmãos sozinhos a ser visitados por boas e más memórias”, continuou o bispo, lembrando que várias comunidades se têm organizado para ajudar os mais sós.
D. Américo também disse que é preciso ter “a disponibilidade de Maria na incerteza do que está em jogo”. Essa disponibilidade tem de ser operacionalizada. “A oração é a nossa arma, a arma que todos temos mesmo fechados em casa”, continuou o bispo auxiliar de Lisboa.
Mas com um alerta: “não podemos estar só a bater com o pé no chão, a pedir a Deus, a pedir a nossa Senhora. Cada um de nós tem de fazer a sua parte.”
D. Américo, que é também presidente do conselho de gerência do Grupo Renascença Comunicação Multimédia, agradeceu a tantos que estão a fazer a sua parte – como médicos, enfermeiros, auxiliares dos lares de idoso, padeiros… “tantíssimos profissionais”. E quis deixar também uma palavra aos jornalistas, “que também estão na frente da luta para ajudar com informação rigorosa”.
O temor que impõe cuidados para não ser fonte de contágio deve ser acompanhado por “um sim ao modo de Maria” para fazer a vontade de Deus. E, continuou, “a vontade de Deus é de vida”.
Por isso mesmo, a Igreja determinou a suspensão das missas com presença de povo. “Não foi porque é fácil, não foi para fugir à frente de luta contra a pandemia. Foi e é uma situação dolorosa, mas é este sim fiel a Deus que temos de dar para impedir que a morte impere e ande à solta nas nossas cidades, nas nossas casas e nas nossas famílias”, concluiu D. Américo Aguiar.