31 mar, 2020 - 13:40 • Liliana Monteiro (texto), Sofia Freitas Moreira (Edição Vídeo), Paróquia de Moscavide (Imagens)
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O padre José Fernando, pároco de Moscavide, adotou, por estes dias, formas diferentes de levar a oração e a esperança a quem vive naquela zona da freguesia. O objetivo, diz, é que ninguém se sinta longe de Cristo neste tempo difícil em que não se pode ir à igreja.
"Na passada quinta feira, dia do pai, coloquei a imagem de São José no tejadilho do carro e andei a pedir que as pessoas ficassem em casa, se protejam a eles e aos outros. Invoquei a proteção de Deus para todos e para que nos livre da pandemia o quanto antes", conta, confesando que que não conseguiu ficar parado perante esta situação.
A ideia "é cortar com a solidão". "Vou dentro do carro levo a aparelhagem sonora e falo: 'força, coragem, vamos vencer isto, juntos somos mais fortes!’", exemplifica.
Conhece bem os que ali residem, há muitos idosos, e fica "preocupado e com receio de muitos poderem morrer da solidão". "Estou a pensar ir por aí nas ruas, à tarde, e levar a imagem de Nossa Senhora e cânticos de Fátima", diz.
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Mas este padre tem feito mais para chegar aos paroquianos: "Tenho procurado dirigir todos os dias uma palavra à comunidade através do e-mail, a acólitos, leitores, cantores, ministros extraordinários da comunhão, conselho pastoral e, através deles, chegar o mais longe possível. Depois temos o facebook onde colocamos todos os dias uma palavra de conforto tão necessária nos dias de hoje".
A igreja, afirma, não está só entre quatro paredes. O padro José Fernando quer "que as pessoas sintam que não estão sozinhas e que o pastor está com elas". "Mesmo não vindo à igreja, ela vai ao encontro delas. A igreja são todos os batizados e ela está onde está cada um deles", acrescenta.
As missas, essas, deixaram de existir tal como eram conhecidas, abertas ao público, mas o padre José Fernando continua a celebrar só não tem a habitual assistência, "porque o sacerdote quando celebra, celebra para o povo de Deus, mesmo que, nestas circunstâncias, não esteja fisicamente ninguém".
Até o terço já se pôde escutar na rua em frente à igreja de Moscavide: "Colocámos o Rosário a partir da Rádio Renascença, tínhamos uma coluna em frente à torre da igreja e estivemos todos a rezar. Foi bonito ver as pessoas a rezar à janela".
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E porque é preciso agradecer o que muitos portugueses estão a fazer pelo bem comum, "todos os dias os sinos tocam as 22h". "É um aplauso a todos os que trabalham para minorar o sofrimento das pessoas, seja em que área fôr. Depois tocam o Hino Nacional e terminamos com oração do Pai Nosso e a benção. Há muita gente que vem à janela aplaudir", completa.
Quando o isolamento foi aconselhado, a paróquia rapidamente se organizou para continuar a ajudar todos aqueles que frequentavam o Centro Social. As refeições continuam a ser entregues a vários idosos, família e crianças. "Estamos a servir almoços todos os dias. São 66 as famílias apoiadas, ao todo 157 pessoas e destas 48 são crianças", contabiliza.
O padre José Fernando não tem dúvidas de que "são tempos muito bonitos que nos ajudam a viver a comunhão e solidariedade junto do outro. É um tempo rico para repensar a nossa vida, as nossas relações. Pode ser um tempo de crescimento e vai ajudar a ver a vida, certamente, de forma diferente".
Moscavide, uma paróquia onde se reinventa a forma de viver a fé e de chegar a quem está só, em isolamento, no combate à Covid-19.