06 abr, 2020 - 11:22 • Ana Rodrigues
A pandemia trouxe tempos de medo e incerteza, mas o bispo das Forças Armadas refere que as comunidades cristãs, as paróquias e as dioceses “estão a dar um apoio muito importante nesta altura”.
“Tudo está a ser acautelado”, assegura, em entrevista à Renascença. “Não há celebrações comunitárias. Quase a totalidade dos sacerdotes, além de estar a celebrar sozinho, ou com restritíssimo número de participantes, faz o favor à Igreja e à sociedade de transmitir, através das novas tecnologias, as celebrações, sejam elas eucaristias, vias sacras ou recitações do Santo Terço”.
Os tempos são de incerteza, mas D. Rui Valério mostram como a Páscoa “pode ser vivida de forma tão sentida e solidária. Celebrada no mundo. Nos hospitais, onde os profissionais de saúde dão a sua própria vida. A perpetuar o gesto de Cristo sobre a cruz. Ou seja, dando a sua própria vida para que outros vivam”.
Por isso, adianta o sacerdote, esta é uma Páscoa muito especial. “Nesta celebração pascal, encontro uma solidariedade muito bela dos profissionais de saúde, dos militares, dos polícias. De todos aqueles que continuam a trabalhar, pondo até em risco o seu bem-estar para que outros estejam bem”.
“Isto é a força da Páscoa. E é isto que acontece este ano. Em vez de estar a ser celebrada em templos, está a ser celebrada no mundo”, adianta o bispo das Forças Armadas e de Segurança, que refere não esquecer, nesta altura, o trabalho essencial da comunicação social, “onde está a acontecer o outro mistério pascal”.
“Desta vez, tenho consciência que, de cada vez que ouço a Renascença ou ligo a televisão, sei que o jornalista, o locutor, o operador daquela câmara, estão a oferecer-se para que nós, nos nossos lares, tenhamos cada vez mais consciência relativamente à urgência e necessidade de que o combate dos cidadãos portugueses, é de permanecer em casa. E agradeço-lhes por isso”, afirma.
Forças de segurança na linha da frente
O bispo das Forças Armadas está preocupado com o elevado número de infetados nas Forças Armadas e de Segurança. Ao todo, são mais de 100 os casos de infeção por coronavírus nas duas forças.
D. Rui Valério refere, em entrevista à Renascença, que os militares e os polícias “estão, tal como os médicos, na linha da frente do combate contra à Covid-19 e por isso estão mais expostos ao perigo”.
É por isso com um misto de tristeza e orgulho que o Bispo das Forças Armadas olha para os números das infeções entre militares e policias.
“É um número que traduz bem o quanto os militares e policias estão a atuar no terreno. Que nos preocupa, mas que nos enchem também de orgulho pelo patriotismo, pela abnegação que eles estão a dar em benefício de Portugal e dos portugueses”, acrescenta.
Numa altura de pandemia, D. Rui Valério recorda que “os efeitos na saúde das pessoas são evidentes, mas a incerteza quanto ao futuro na vida de cada um traz também uma grande inquietação, sobretudo ao nível das condições sociais que os trabalhadores possam vir a passar”.
O Governo decretou restrições mais apertadas de deslocações no período da Páscoa, entre 9 e 13 de abril.