10 abr, 2020 - 14:00 • Eunice Lourenço
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Confessar-se e comungar pelo menos uma vez por ano, na Páscoa. Este é um dos mandamentos da Igreja, mas que em tempos de pandemia fica suspenso, em favor de um bem maior que é diminuir o risco de contágio por Covid-19 e, assim, defender a vida de todos.
Apesar da suspensão das celebrações com povo, a Igreja coloca várias opções aos fiéis. A Renascença preparou um guia para melhor compreender o que pode e não pode fazer e quais as alternativas.
Porque é que não há missas?
Há missas, não podem é ter a participação do povo. Em consonância com as medidas tomadas pelo Governo e com as indicações das autoridades de saúde, a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) determinou “que os sacerdotes suspendam a celebração comunitária da Santa Missa até ser superada a atual situação de emergência”.
Nem sequer na Páscoa?
Não. A determinação de não haver celebrações com presença do povo foi reforçada por uma nota da Conferência Episcopal Portuguesa, em comunhão com as orientações do Vaticano sobre as celebrações da Semana Santa.
Então não há Páscoa?
Claro que há Páscoa. A data da celebração da Páscoa não é alterada, a Igreja é convidada é a vivê-la de forma diferente do habitual. Os padres têm orientações para celebrar o Tríduo Pascal – Missa da Ceia, Celebração da Paixão, Vigília Pascal e Missa de Domingo de Páscoa – nas igrejas paroquiais, mesmo sem a participação de povo. E devem avisar “os fiéis da hora de início que julgarem mais oportuna, de modo a que se possam unir em oração nas respetivas habitações”. E cada bispo deve realizar essas mesmas celebrações na sua catedral.
E o que é que o povo de Deus deve fazer?
Deve acompanhar pelos meios audiovisuais que forem facultados. Várias paróquias e dioceses têm-se organizado de forma a transmitir as missas através das redes sociais ou do youtube. A Renascença também transmite as celebrações do Tríduo Pascal em direto da Sé de Lisboa, assim como algumas celebrações presididas pelo Papa. Mesmo sem acompanhar por meios audiovisuais, os fiéis podem unir-se em oração aos seus pastores à hora em que eles estão a celebrar.
Mas não vai haver comunhão, pois não? Como é que se cumpre o mandamento de comungar pelo menos na Páscoa?
Nesta situação em que estamos a viver, o bem comum de evitar o contágio e não colocar as vidas de outros em risco prevalece sobre essa obrigação (que em alguns locais é conhecida como ‘desobriga’). Em qualquer caso, não sendo possível comungar de forma física, a indicação é fazer comunhão espiritual.
Coronavírus
As missas com participação de fiéis estão suspensa(...)
O que é a comunhão espiritual?
É, basicamente, o desejo de estar unido a Cristo, o desejo de maior união e intimidade com Deus. É o caminho para as pessoas que, por razões de saúde ou de irregularidade perante a Igreja, não podem receber o Corpo de Cristo sacramentalmente na Missa. Nestes dias de suspensão das missas comunitária será também a forma privilegiada de comunhão. Pode concretizar-se num momento de oração mais intensa enquanto se segue uma transmissão da eucaristia ou em qualquer outro momento do dia.
Também não há confissões?
Não há celebrações penitenciais, mas se alguém pedir o sacramento da reconciliação um padre pode confessar e dar absolvição desde que sejam cumpridas as distâncias de segurança aconselhadas pelas autoridades de saúde.
A Santa Sé divulgou uma carta do penitenciário-mor, em que este aconselha que a confissão decorra “em lugar arejado fora do confessionário, seja respeitada uma distância conveniente, o recurso a máscaras de proteção, sem prejuízo da absoluta atenção à salvaguarda do sigilo sacramental e da necessária discrição”.
O que acontece com os casamentos e batizados marcados para estes dias?
A recomendação é que, se possível, sejam adiados. Naqueles que não se podem adiar, é seguir as normas das autoridades de saúde. Ou seja, admitir apenas a presença na igreja só dos pais e padrinhos (nos batizados) ou só os noivos e as testemunhas.
E quais são as indicações sobre os funerais?
Não se podem adiar, como é obvio. Recomenda-se que a celebração da palavra seja feita no cemitério e só com os familiares mais próximos.
Catarina Martins Bettencourt, da Ajuda à Igreja qu(...)