13 abr, 2020 - 07:00 • Ângela Roque
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Estendendo-se pela Beira Baixa e pelo Alto Alentejo, a diocese de Portalegre-Castelo Branco é uma das mais interiores do país, e tem largas dezenas de instituições com respostas sociais vocacionadas para os idosos. “Aquilo que mais me preocupa neste momento são, de facto, os lares”, diz à Renascença o bispo Antonino Dias, lembrando que na diocese “só misericórdias são 40, embora duas ou três não tenham ação social, todas as outras têm. Temos 18 centros sociais paroquiais, para além de outras IPSS. É sempre uma preocupação”.
D. Antonino tem estado em contacto com responsáveis por algumas das instituições, e confia nas medidas preventivas que têm sido tomadas. “Aqui em Portalegre (as instituições) estão prevenidas com centros de diagnóstico da Covid. Está tudo alertado para que se possa dar resposta, se alguma coisa acontecer. Esperemos que não, mas estão preparadas, ou a prepararem-se o melhor possível para responderem a essas situações”. E agradece a colaboração que existe entre as várias forças vivas da diocese. “Há colaboração e uma grande responsabilidade para que as coisas corram o melhor possível, dando todos as mãos para que isso aconteça, desde o pessoal de saúde, às forças de segurança pública e à proteção civil, e todos os que prestam os serviços necessários a quem não pode sair de casa. Há uma dinâmica que impressiona”, refere.
D. Antonino elogia, também. a forma como a população tem acatado as regras de confinamento. “Todos temos de dar a nossa quota-parte de trabalho e responsabilidade nesta situação, e tanto quanto me é possível conhecer e saber, sim, toda a gente está a levar isto a sério. Até porque, como disse há pouco tempo o senhor Presidente da Pepública, temos de ganhar em abril aquilo que queremos em maio, que é a liberdade”.
A esperança a que a Páscoa trouxe
Para o bispo de Portalegre-Castelo Branco uma das leituras que se pode fazer da atual crise pandémica é que tem incentivado a união e a solidariedade entre as pessoas, e na Igreja isso tem sido também visível. Diz que os cristãos criaram “uma espécie de rede, para estarem unidos e terem oração”, e que isso tem permitido “alimentar a esperança”.
“A grande riqueza da nossa fé é não perdermos a esperança. Sabemos em que acreditamos e que Deus não nos abandona. Ressuscitou, está vivo, não morreu, está connosco. Essa é a grande mensagem da Páscoa”, afirma D. Antonino Dias, que vê com muito agrado o esforço de muitos sacerdotes para estarem perto das pessoas, recorrendo aos meios digitais que permitem transmitir celebrações à distância.
Explica que no caso da Sé de Portalegre isso não aconteceu porque entendeu que “ou tinha, de facto, qualidade, ou era melhor apelar para que escutassem os meios de comunicação social nacional”. Mas, vê com bons olhos as inúmeras iniciativas que têm surgido na diocese. “Têm feito aí muita coisa boa e bonita, ajudando a unir o povo e a alimentar a esperança e a fé, de saber que Deus não nos abandona”. E não tem dúvidas de que esta nova dinâmica que nasceu na Igreja “abre pistas para o futuro”, porque “isto também nos desperta e sacode, e faz-nos ver que o futuro vai ser diferente. Tem de ser diferente”.