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Bispo de Coimbra

"Há um mar de questões muito vasto que não se reduz a estar infetado ou não estar infetado"

14 abr, 2020 - 07:00

D. Virgílio Antunes apela para que todos "cumpram o que as autoridades sanitárias e públicas entenderem que é o melhor para todos ultrapassarmos esta situação tão dramática que estamos a viver”. O bispo de Coimbra sublinha que "é preciso saber esperar".

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O bispo de Coimbra olha para o estado atual da sociedade, confinada pela pandemia de Covid-19, para as consequências desta crise e conclui que "há um mar de questões muito vasto" que não se reduz à condição "de se estar ou não infetado".

D. Virgílio Antunes alerta em particular para a dimensão económica da pandemia e declara-se muito preocupado com o futuro das pessoas que já viviam uma situação de dificuldade. O bispo está apreensivo com “o que é que vai ser para muitas pessoas que já estavam em situações difíceis”. Algumas, “porventura, sem o ordenado como tinham até agora, sem o trabalho como tinham até agora, sem um conjunto de condições nas quais depositavam muita da sua confiança e que de um momento para o outro se veem privados dessa possibilidade de usufruir daquilo que são as condições normais e razoáveis de vida".

Outra preocupação do bispo de Coimbra é a realidade nos lares de idosos. D. Virgílio Antunes recorda “aquilo que se passa nas Instituições Particulares de Solidariedade Social onde de facto estão muito idosos em situação de grande debilidade, muito vulneráveis e onde sabemos que aqui e ali têm havido problemas”. O bispo admite que em Coimbra “felizmente temos aqui bastantes lares e IPSS onde não houve ainda nenhum caso de infeção”, mas reconhece também que “estamos sempre à espera que isso possa acontecer”.

O bispo de Coimbra lembra que as instituições particulares de solidariedade social já viviam problemas de sustentabilidade antes da pandemia. E em particular, D. Virgílio Antunes alude à situação dos centros sociais: "Os centros sociais estão a fazer um esforço muito grande, agora acrescido desta dificuldade, de ter pessoal adequado uma vez que há muitas pessoas que estão em quarentena, outras que estão de baixa e em situações de necessidade de ficar em casa por causa dos filhos, dos idosos”, acrescenta, considerando redutor centrar a questão apenas no diagnóstico de infetados.

Na opinião de D. Vigílio, “há aqui um mar de questões muito vasto que não se reduz simplesmente a estar infetado ou não estar infetado".

Perante o cenário de vir a ser renovado o estado de emergência em Portugal, o bispo apela à união e ao cumprimento das determinações das autoridades. "Nós todos queremos o melhor para o país, para as famílias, para as instituições e, portanto, temos que estar disponíveis para acatar as regras, as orientações, da parte de quem tiver responsabilidade para decidir”, refere D. Virgílio Antunes, que mais adiante pede compreensão para “as decisões que nestas circunstâncias são sempre muito difíceis de tomar, porque estão em causa muitos fatores”.

“O que digo à minha diocese de Coimbra é que estejamos todos juntos e todos unidos para dar as mãos cumprindo rigorosamente tudo aquilo que as nossas autoridades sanitárias e públicas entenderem que é o melhor para todos ultrapassarmos esta situação tão dramática que estamos a viver”. É este em síntese o apelo do bispo que termina lembrando que “apesar de todos querermos ultrapassada rapidamente esta situação, neste caso, porventura, é preciso saber esperar".

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