20 abr, 2020 - 18:19 • Filipe d'Avillez
Os cristãos da diocese de Pemba, na província de Cabo Delgado, em Moçambique, queixam-se de um crescente sentimento de insegurança e de estarem sob ataque há três anos, sem saber porquê.
Aquela região de Moçambique tem sido alvo de uma insurgência armada que já causou centenas de mortos e cerca de 200 mil deslocados, para além de aldeias destruídas e infraestruturas arrasadas.
Os insurgentes são alegadamente jihadistas, mas a verdadeira identidade do grupo, o que o move e quem o apoia e financia, permanecem incertos.
Numa carta enviada para a fundação Ajuda à Igreja que Sofre, a Pastoral da Comunicação da Diocese de Pemba admite um sentimento de revolta pelo que se está a passar.
“Temos sofrido há três anos sem saber porque estamos a ser atacados… Há três anos tudo mudou nas nossas vidas. Choramos de tristeza. Vivemos fugindo sem saber para onde.”
Embora não existam dados concretos, calcula-se que a população de Moçambique seja dividida mais ou menos ao meio entre muçulmanos e cristãos, com os primeiros a prevalecer no norte.
Inicialmente a insurgência islâmica tinha atacado sobretudo alvos civis e estatais, mas durante a Semana Santa decorreu um ataque à missão católica de Nagololo, onde foi destruída uma igreja centenária, levando o Papa Francisco a referir o sofrimento do povo de Cabo Delgado durante a sua mensagem de Domingo de Páscoa.
O ataque à missão católica foi um sinal, segundo os cristãos, de que as igrejas passaram a estar também na mira dos grupos armados.