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​Paróquias da Baixa de Lisboa abrem linhas de apoio social e espiritual

28 abr, 2020 - 06:37 • Ângela Roque

Atentas às necessidades de quem ainda vive no centro da cidade, as paróquias organizaram-se e estão a distribuir alimentos e refeições quentes a centenas de idosos, sem-abrigo e imigrantes. Para quem está mais só há um número para onde pode ligar.

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Sem turismo e com o comércio fechado, a Baixa de Lisboa está deserta, mas há uma nova realidade que se torna mais visível à hora em que se distribuem refeições e alimentos.

Na igreja de S. Nicolau (junto à Rua da Prata), na igreja da Conceição Velha (entre o Terreiro do Paço e o Campo das Cebolas) ou na de Santo António (junto à Sé), são cada vez mais os que procuram ajuda.

“Começou a haver mais gente a pedir ajuda já durante a pandemia”, confirma à Renascença o padre Edgar Clara, que exemplifica: “o número de refeições que a paróquia de São Nicolau distribui na Igreja da Conceição Velha já passou para 120 e, no início disto, tudo eram 70 ou 80”.

Na igreja de S. Nicolau também dão “um kit de coisas frias, e já vai em 80”, e aos franciscanos da igreja de Santo António recorre cada vez mais gente. “Eles têm o chamado ‘Pão de Santo António’, estilo Banco Alimentar, que é uma coisa que há sempre todo o ano, mas agora começaram a fazer ainda mais. Há 15 dias estavam em 100 distribuições por semana”, conta o sacerdote, que conhece bem a realidade da zona.

Com quatro paróquias atualmente a cargo (Castelo, S. Cristóvão e Socorro, na Mouraria, e São Tiago, em Alfama), Edgar Clara diz que com o isolamento social nos vários bairros aumentou o número de idosos a precisar de ajuda para medicação e compras. Também os sem-abrigo estão ainda mais vulneráveis.

“Temos aqui uma população que vinha à Baixa pedir esmola aos turistas e às pessoas que vinham trabalhar. Ora, de repente isso tudo desapareceu”, lembra, alertando também para os “novos pobres” que vão surgindo.

“Ainda ontem fiquei impressionado por ver um jovem a pedir uma refeição. E um indiano, um oriental, que é uma coisa que estamos pouco habituados a ver aqui no centro da cidade, os orientais caídos na pobreza. Mas, provavelmente vão cair mais, se pensarmos que os restaurantes tinham muitos a trabalhar, a servir às mesas, e estão todos fechados”, refere.

Entre os que o turismo não expulsou, e ainda moram nestes bairros, há muitos idosos, com quem tem procurado manter sempre o contacto. “Todos os dias telefono para uma pessoa diferente para saber como é que está, se precisa de alguma coisa, compras, isto ou aquilo. Quando não sei informações de uma pessoa dá para passar lá por casa, e falo à janela”, conta.

"É preciso que as pessoas saibam onde encontrar ajuda"

Unidas na preocupação com quem está mais só e a passar por dificuldades, as paróquias do centro de Lisboa decidiram criar duas linhas de atendimento.

“Quem precisar de saber informações acerca dos apoios sociais que existem em cada uma das áreas deste centro da cidade, pode telefonar para o 21 887 95 49. É o número do acolhimento de S. Nicolau, eles depois encaminham. Para o atendimento espiritual podem telefonar para o 92 754 99 75. Serei eu a receber estas chamadas, mas se houver muitas pessoas a pedir este serviço será alargado a um conjunto de outros padres. Por enquanto está diretamente ligado para mim”, explica Edgar Clara.

Para além das linhas de apoio, estas paróquias que pertencem à Vigararia I do Patriarcado de Lisboa também criaram um novo site onde reuniram informação sobre todas as instituições e serviços da Igreja que estão a trabalhar no terreno, porque “’é preciso que as pessoas saibam onde encontrar ajuda, onde e a quem se dirigir em caso de necessidade”, explica.

O site já estava a ser construído antes da pandemia. “Já o estávamos a preparar para o Dia da Caridade na Diocese de Lisboa, que seria a 19 de março, quando isto surgiu. Então pensámos que podia ser uma boa ajuda para o atual contexto, porque muitas vezes as pessoas não sabem o quem existe, nem onde se podem dirigir quando precisam”.

No site www.caridadenocentrodelisboa.pt estão os contactos, “por exemplo, dos centros sociais que existem, e até dos capelães hospitalares que temos, e que podem ser uma ajuda fundamental nesta altura”, refere ainda Edgar Clara.

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