08 mai, 2020 - 20:35 • Filipe d'Avillez
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Todos os fiéis de máscara e desinfetante à porta das igrejas. Os bispos portugueses publicaram esta sexta-feira as normas para o regresso das missas públicas em Portugal, o que deverá acontecer em finais de maio, exceto na Madeira, onde estão previstas já para o próximo sábado.
Em comparação com documentos de outras conferências episcopais, que a Renascença já analisou, este é completo, detalhado e rigoroso, embora as normas básicas sejam comuns.
Logo no início do documento divulgado esta sexta-feira, e que pode ler aqui na íntegra, os bispos dizem que quem está doente continua dispensado de participar na missa pública e que quem pertence a grupos de risco também, estando convidado a participar em missas durante a semana, em que costuma participar menos gente, para evitar contacto com outras pessoas. Quem quiser e puder deve pedir a um ministro extraordinário da comunhão que vá levar-lhe a eucaristia a casa.
Ao contrário do que se passa na Madeira, onde as missas não podem exceder os 40 minutos, não existe limitação de tempo nas normas divulgadas esta sexta-feira pela Conferência Episcopal, mas recomenda-se que as igrejas sejam desinfetadas com frequência e arejadas durante pelo menos 30 minutos depois de cada celebração.
O documento sugere ainda que cada paróquia organize equipas de acolhimento, ou de ordem, para garantir que as regras são cumpridas e que sejam colocados cartazes em local bem visível.
Coronavírus
Fiéis com máscara, padres sem, missas específicas (...)
Em termos de espaço, sugere-se que cada fiel disponha de quatro metros quadrados e que estas distâncias sejam respeitadas, exceto por membros da mesma família ou pessoas que vivem na mesma casa.
No ponto 12 do documento lê-se: “Para evitar que alguns fiéis sejam mandados embora ao chegar a uma igreja com a lotação já preenchida, sugerem-se, onde for viável, diligências de reserva e numeração dos lugares; pode também privilegiar-se o acesso, rotativamente, aos diferentes lugares, povoações ou arruamentos de cada comunidade cristã.”
Onde for possível deve haver uma porta para entrar e outra para sair e estas devem estar sempre abertas. Todos os fiéis devem desinfetar as mãos à entrada, sem exceção, e a máscara deve manter-se durante toda a celebração, sendo retirada apenas para comungar. Os bispos encorajam ainda os padres a optar, caso seja possível, por missas ao ar livre.
Os padres podem ser assistidos por acólitos e pode haver leitores e cantores “em número adequado”, consoante o tamanho da igreja.
A coleta passa para o final da missa, na saída da Igreja, e o gesto da paz mantém-se suspenso. A distância de segurança deve ser respeitada também na fila da comunhão e esta deve fazer-se na mão e em silêncio. Normalmente o padre diz “O corpo de Cristo” a cada fiel a quem distribui a comunhão, e este responde “ámen”. Agora, esse diálogo deve ser feito de forma coletiva, antes do começo da comunhão.
As normas publicadas pela CEP não referem o uso de máscara pelo sacerdote nem na distribuição da comunhão. Enquanto nos EUA o padre está impedido de usar máscara durante toda a celebração, outras conferências episcopais recomendam que esta seja colocada durante a comunhão. Contudo, os bispos portugueses deixam claro que se o padre ou ministro for de um grupo de risco deve ser outro ministro da comunhão a proceder à distribuição do corpo de Cristo.
Estão ainda previstas normas para outros sacramentos. No batismo de crianças, por exemplo, só quem vive com a criança é que lhe fará a o sinal da Cruz na fronte, gesto que normalmente é feito também pelos padrinhos. A imposição das mãos sobre a criança pelo ministro do sacramento far-se-á sem contacto e a concha usada para aspergir a cabeça do batisado deve ser higienizada antes de cada celebração. Já a água não pode ser a mesma, devendo ser mudada e benzida antes de cada batizado.
A confissão individual é permitida, mas deve realizar-se fora do confessionário, num espaço arejado, mas que não ponha em causa o sigilo.
No documento anteriormente publicado, os bispos já tinham sugerido que sacramentos com unção, como o crisma e a ordenação, ocorram apenas no próximo ano litúrgico e nestas normas pede-se novamente aos bispos que tenham em consideração a possibilidade de um adiamento dos crismas, mas não se diz o mesmo em relação à ordenação.
Os casamentos são sujeitos às mesmas regras que a missa dominical e apenas os noivos devem tocar nas alianças.
Por fim, os bispos dizem que "peregrinações, procissões, festas, romarias, concentrações religiosas, acampamentos e outras atividades similares em grandes grupos, passíveis de forte propagação da epidemia, continuam suspensas até novas orientações".