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D. António Marto: “Uma coisa são as manifestações sindicais ou políticas, outra são as responsabilidades da Igreja"

12 mai, 2020 - 19:54 • Aura Miguel , com redação

Cardeal explica decisão de realizar o 12 e 13 de Maio sem peregrinos no Santuário de ​Fátima. "Eu não queria ficar na história como o bispo responsável pelo agravamento da pandemia a nível nacional”, sublinha o bispo de Leiria-Fátima.

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A Igreja Católica optou por realizar as cerimónias de 12 e 13 de Maio sem peregrinos porque não queria ser responsável pelo agravamento a pandemia de Covid-19 e porque passa ao lado das manifestações políticas e sindicais, disse esta terça-feira o cardeal D. António Marto, responsável pela diocese de Leiria-Fátima.

“Uma coisa são as manifestações de caráter sindical ou político, outra coisa são as responsabilidades da Igreja. Dadas as informações que tínhamos das autoridades de saúde, o risco de contágio era muito elevado”, afirmou o D. António Marto em conferência de imprensa.

“Não temos convidados selecionados. Porque é que entravam uns e não entravam outros? Depois, se acontecesse alguma coisa, a responsabilidade recaía toda sobre a Igreja Católica e os católicos. Eu não queria ficar na história como o bispo responsável pelo agravamento da pandemia a nível nacional”, sublinha o bispo de Leiria-Fátima.

Para D. António Marto, esta é a "mais difícil peregrinação" do Santuário de Fátima e, "talvez, a mais interpeladora” devido à ausência de peregrinos devido à Covid-19 e ao contexto em que vive uma sociedade em luta contra a pandemia.

No silêncio do Santuário de Fátima. 12 e 13 de Maio durante a pandemia
No silêncio do Santuário de Fátima. 12 e 13 de Maio durante a pandemia

"Peregrinação de coração"


O cardeal conta com a comunicação social para fazer chegar às pessoas o que se vai passar nas cerimónias de Fátima e deixa uma mensagem de alento: "este vazio, no entanto, nunca esteve tão preenchido uma vez que há muita gente unida espiritualmente”.

Questionado sobre como está a viver este tempo de desolação, D. António Marto respondeu que "nem sempre as coisas correm como planeamos", confessa "tristeza e dor" por ter o santuário sem peregrinos, mas "não nos podemos fechar, haverá sempre aspetos positivos no sofrimento”.

Faz, por isso, um convite a uma "peregrinação em estado puro, uma peregrinação de coração. O objetivo é ir ao essencial, fazer um caminho interior na companhia de Nossa Senhora”, salientou.

D. António Marto espera receber emigrantes em agosto

O bispo de Leiria-Fátima não sabe até quando as restrições vão continuar no santuário, mas espera que em agosto possa começar a abrir mais e, sobretudo, no mês de outubro.

"Quando será não sei, mas espero bem que em agosto já possamos ter presentes bastantes emigrantes peregrinos e, sobretudo, na peregrinação de outubro. É uma esperança."

Em relação ao impacto económico, D. António Marto admite que o Santuário de Fátima vive de ofertas e o efeito da quebra de donativos começa a ser sentido, incluindo em algumas paróquias da região.

O cardeal garante que, apesar das dificuldades, os 350 funcionários do santuário são a prioridade e não se pensa em despedimentos nem em lay-off.

"O santuário tem uma sustentabilidade económica para poder pagar o vencimento dos seus funcionários. Isso para nós é uma questão de honra. Por conseguinte, não despedir funcionários nem recorremos ao lay-off também, até à data. Tudo muito bem pensado nesse aspeto", sublinha D. António Marto.

O santuário tem ajudado instituições sociais e famílias a fazer face às dificuldades resultantes da pandemia, refere o cardeal.

O 12 e 13 de maio assinala a primeira aparição de Nossa Senhora aos três Pastorinhos, em maio de 1917. Este ano, pela primeira vez na sua história, o Santuário de Fátima vai celebrar a data sem peregrinos, devido às restrições sanitárias, como anunciou a 6 de abril o cardeal D. António Marto, bispo de Leiria-Fátima.

Renascença transmite celebrações de Fátima

As celebrações vão decorrer no recinto de oração do Santuário de Fátima, não no interior da Basílica, e sem a presença de peregrinos. Contarão apenas com a participação das pessoas diretamente implicadas nos diferentes momentos celebrativos.

Começam às 21h30 desta terça-feira, na Capelinha das Aparições, com a recitação do Rosário, seguida da Procissão das Velas, mas num trajeto muito mais curto do que o habitual, será apenas até ao Altar do Recinto. Aí haverá uma celebração da Palavra, não eucaristia, regressando a Imagem de Nossa Senhora à Capelinha das Aparições.

No dia 13 haverá oração do terço às 9h00, na Capelinha, e às 10h00 será celebrada a Missa da Solenidade de Nossa Senhora de Fátima, presidida pelo cardeal D. António Marto, bispo de Leiria-Fátima. As celebrações terminam com a tradicional Procissão do Adeus.

As celebrações vão ser transmitidas pela Renascença na rádio e no digital, com uma emissão vídeo e rádio a partir de Fátima. O Santuário pede que todos os peregrinos que não podem ir a Fátima acendam uma vela. Envie as suas fotografias para a Renascença, pelas redes sociais ou para redacao.net@rr.pt

Confira aqui os horários das celebrações com transmissão que pode ouvir em direto na Renascença ou ver aqui no site, no Facebook ou no Youtube.

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