12 mai, 2020 - 21:09
Veja também:
Quem já esteve em Fátima na noite de 12 de maio lembrar-se-á dos constantes apelos do padre que dirigia as celebrações a pedir silêncio aos peregrinos. Esta terça-feira, pela primeira vez em mais de 100 anos, esse apelo não foi necessário.
Em Fátima, esta noite e amanhã estarão apenas os celebrantes e alguns convidados do Santuário. É o resultado da pandemia que há dois meses impede os católicos leigos de ir à missa.
Na noite em que na Cova da Iria se escuta um silêncio ensurdecedor o bispo de Leiria-Fátima e os responsáveis do Santuário apelam a que os fiéis peregrinem interiormente. O conselho tem sido seguido por muitos, que fizeram chegar à Renascença os seus relatos e as fotografias das velas colocadas à janela. Entre elas a do padre João Costa, que estaria em Fátima não fosse a pandemia e não fosse também o facto de estar a recuperar de Covid-19.
Ainda assim, houve quem insistisse em ir até ao Santuário e não se conformasse com as vedações. Um homem e uma mulher foram detidos ao tentar forçar a entrada no recinto.
A ausência de peregrinos no recinto não é a única novidade neste 13 de maio. Depois da recitação do terço, em vez de uma missa haverá uma celebração da Palavra, presidida pelo cardeal D. António Marto. O ritual aprovado para esta noite de dia 12 inclui ainda um lava-pés, que será feito a três peregrinos que estão simbolicamente presentes em representação de todos os que gostariam de estar mas não estão, por uma questão de segurança e respeitando os apelos dos bispos.
O fator 1 de Maio
Raramente as celebrações do 1 de Maio e as do 13 de Maio são referidas na mesma frase, mas este ano tornaram-se inseparáveis. A decisão do Governo de ter permitido as primeiras e não as segundas levou muitos católicos a reclamar e a queixar-se de discriminação, esquecendo-se de que quem decidiu que não haveria peregrinos em Fátima este ano foi o próprio cardeal D. António Marto, no dia 6 de abril, antes de se falar sequer nas celebrações da CGTP.
Apesar disso a ministra da Saúde, pressionada em entrevista à SIC, disse que se a Igreja quisesse podia haver celebração, esclarecendo no dia seguinte que se referia apenas a celebrantes e não a peregrinos. A Igreja voltou a afirmar que não ia abrir o recinto e o Governo chegou mesmo a publicar um despacho para regular a celebração, colocando GNR nas ruas em torno de Fátima para dissuadir os peregrinos mais teimosos de se dirigirem ao Santuário.
O Santuário de Fátima costuma receber centenas de milhares de pessoas nas celebrações aniversárias das aparições. O reitor padre Carlos Cabecinhas diz que a celebração sem peregrinos é um momento doloroso para o local, mas alimenta a esperança de que em outubro será possível um regresso à normalidade.
Covid-19
Cardeal explica decisão de realizar o 12 e 13 de M(...)