13 mai, 2020 - 12:09 • Teresa Paula Costa , em Fátima
Impedidas de entrar no recinto de oração, algumas pessoas permaneceram junto às entradas a acompanhar, ao longe, as cerimónias desta peregrinação de maio.
"Nós não vimos por causa das multidões". Ana costuma vir todos os anos a Fátima em peregrinação, mas, este ano, o cenário com que se deparou é diferente. “É triste, é uma pena”. Na noite de terça-feira, não esteve cá, mas hoje decidiu vir, não sabe bem porquê. “Achei que devia vir”, disse, apenas, à Renascença.
"Nós não vimos por causa das multidões, vimos por causa de Nossa Senhora e ela continua aqui. É o dia 13”, acrescenta, mais adianta.
Também Paulo costuma acompanhar de perto as celebrações de maio. Já reformado e residente em Fátima, lamenta que, este ano, não tenha podido entrar no recinto de oração, mas quis estar em comunhão com a celebração. Por isso, juntou-se ao grupo de mais de dez pessoas que se posicionou na entrada ao lado da casa Nossa Senhora do Carmo e daí acompanhou a celebração.
"É uma pena ser assim, mas temos de aceitar, devido à circunstância que estamos a viver”, diz o fatimense. "Esperamos seja a última vez que as cerimónias são assim."
O facto de estar de fora do recinto não o faz sentir-se afastado. Pelo contrário, diz sentir-se “em comunhão com Nossa Senhora, a Igreja e com todos aqueles que não podem vir".
Paulo respondeu positivamente ao pedido feito pelo reitor do santuário de, nos dias que antecederam a peregrinação, acender uma vela em casa. O ritual permitiu “uma aproximação a Nossa Senhora e a todos aqueles que não podem vir, é uma maneira exterior de podermos participar”.
No final de contas, acha que o sacrifício não terá sido em vão, porque “nada acontece por acaso”. Acha que, no final desta crise, as pessoas terão ganho uma “nova maneira de ver a vida, de se relacionarem com os outros”.
Há 30 anos que Olimpia vende artigos religiosos na praceta ao lado do recinto de oração. Este ano, diz sentir-se “triste” com a situação, mas reconhece: "Temos de respeitarr,"
A comerciante concorda com a decisão da Igreja de não admitir a entrada de peregrinos, “porque, senão, as pessoas vinham em multidão e é muito perigoso”, mas, por outro lado, acha que “se devia dar um tempo para que as pessoas fossem acender uma vela e voltar logo”.
"As pessoas chegam ali e ficam muito tristes pois só podem acender a vela e ficar ali no cantinho”, argumenta.
Reformada, Olímpia retira um rendimento extra da pequena loja que, com este confinamento, ficou bastante reduzido. No entanto, declara que há que "pensar positivo que, passando esta situação, se volteao habitual".
"A nossa ideia está sempre ali, eu, se pudesse, já tinha ido ali rezar o meu terço", desabafa. Como não pode, reza-o na pequena loja, em comunhão com a Igreja portuguesa.